Epidemiologia molecular de surtos de Adenite equina no Rio Grande do Sul - Brasil
Resumo
A adenite equina é uma doença infecto-contagiosa que acomete o trato respiratório
superior, sendo uma das principais doenças respiratórias de equinos. O agente etiológico
dessa enfermidade é o Streptococcus equi subespécie equi (S. equi), responsável por
aproximadamente 30% das notificações em todo o mundo. Os principais sinais clínicos da
adenite são febre, secreção nasal e enfartamento de linfonodos, que ocorre pela dificuldade de
fagocitose do S. equi por células de defesa devido a presença da cápsula de ácido hialurônico
e proteína M. Somado a isso, o entendimento sobre a epidemiologia e o controle da adenite
equina ainda é limitado. Estudos moleculares demonstram diferenças na região N-terminal na
sequência do gene codificador da proteína M (SeM) de S. equi. Esta região do gene já foi
utilizada na diferenciação de isolados por meio da caracterização de diferentes alelos. Esta
dissertação objetivou analisar e diferenciar 47 isolados bacterianos de S. equi provenientes de
amostras clínicas de equinos da região sul do Brasil, oriundas de 15 animais Puro Sangue de
Corrida (PSC), 29 da raça Crioula e três da raça Brasileiro de Hipismo (BH), por meio de
análise filogenética e diferenciação de alelos, com base no sequenciamento da região Nterminal
do gene SeM. As amostras foram oriundas de 31 surtos em 20 estabelecimentos de
criação. Foram encontrados 15 alelos de SeM, dentre os quais apenas um (alelo 9) já
disponível no banco de dados PubMLST-SeM, como alelo 61, com sete isolados (14,9%).
Entre os novos alelos identificados, o alelo 1 foi o mais prevalente com 13 isolados (27,7%),
seguido pelo alelo 3 com 10 isolados (21,3%). Os resultados demonstram a grande
diversidade da proteína M entre os isolados de S. equi na população equina estudada.
Portanto, o sequenciamento parcial do gene da proteína M do S. equi é uma ferramenta útil na
investigação epidemiológica para a diferenciação de isolados em surtos de adenite equina,
com a identificação de alelos em populações de equinos. Além disso, pode representar uma
perspectiva para o controle da enfermidade com a orientação na escolha de cepas para
confecção de vacinas comerciais e autógenas.