Detecção de anticorpos contra Sarcocystis spp. e investigação da ocorrência de transmissão vertical por Sarcocystis neurona em equinos
Abstract
A mieloencefalite equina por protozoário (MEP) é causada principalmente por Sarcocystis neurona. O hospedeiro definitivo de S. neurona é o gambá (Didelphis spp.), que se infecta ingerindo esporocistos dos tecidos dos hospedeiros intermediários, que pertencem a diversas espécies. Os sinais clínicos cursam com sinais neurológicos, que variam conforme a área do sistema nervoso afetada. A doença clínica não é comum, porém casos de imunossupressão como senilidade, estresse, uso de corticoides podem levar ao desenvolvimento dos sinais clínicos. Do ponto de vista epidemiológico, é interessante determinar a distribuição geográfica do protozoário a fim de se conhecer as áreas onde os animais foram expostos a S. neurona por meio de testes sorológicos, a fim considerar a MEP no diagnóstico diferencial de doenças neurológicas e direcionar o tratamento. Nos EUA estima-se que metade dos equinos seja reagentes para S. neurona, no Brasil não há muitos relatos sobre prevalência de equinos soropositivos. A infecção transplacentária já foi descrita para outras espécies de Sarcocystis, porem ainda não há evidências da infecção intrauterina pelo S. neurona, somente alguns estudos que sugerem a transmissão vertical como outra forma de manutenção do agente, o que poderia ser confirmada pela detecção de anticorpos no soro do neonato antes da ingestão do colostro. Enquanto o S. neurona é o principal agente da mieloencefalite equina, a infecção por S. cruzi está relacionada a prejuízos em bovinos. Apesar dos parasitas apresentarem ciclo de vida distintos, com hospedeiros definitivos diferentes, equinos estão expostos a ambas espécies de Sarcocystis, sendo que as duas espécies podem infectar equinos e se disseminar concomitantemente nos planteis. Assim sendo, este trabalho teve por objetivo detectar a ocorrência da transmissão transplacentária por S. neurona em equinos e comparar a soroprevalência dos plantéis frente a S. neurona e S. cruzi. Os resultados encontrados foram dispostos em dois
capítulos. No capítulo um, investigou-se a ocorrência de infecção transplacentária de S. neurona em éguas. Para tal foi coletado sangue desses animais e seus neonatos para a pesquisa de anticorpos contra S. neurona. No segundo capítulo, comparou-se, por imunofluorescência indireta, amostras sorológicas de 189 éguas quanto a presença de anticorpos contra Sarcocystis spp. utilizando como antígeno S. neurona e S. cruzi. Na análise dos resultados revelou a maioria dos animais reagindo a antígenos de S. cruzi e um terço dos animais soropositivos reagiu a antígenos das duas espécies.