O uso de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de musculação das academias de Santa Maria, RS
Resumo
A Medicina Desportiva refere-se aos recursos ergogênicos farmacológicos como
substâncias destinadas a melhorar artificialmente a performance. O uso de
medicamentos por praticantes de musculação, caracterizado como doping, tem
despertado preocupação, uma vez que vem aumentando. O objetivo deste trabalho foi
verificar como ocorre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos por praticantes de
musculação das academias da cidade de Santa Maria, RS. A amostra estratificada
proporcional constituiu-se de 236 indivíduos, escolhidos aleatoriamente, de ambos os
sexos, das academias inscritas no Departamento de Estágios de Centro de Educação
Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria. O instrumento utilizado
para avaliar o objetivo proposto foi um questionário, previamente validado, composto
por 22 questões sobre o uso de recursos ergogênicos farmacológicos, tipos mais
utilizados, faixa etária, nível de escolaridade, renda, metodologia adotada para o treino,
orientação, finalidade de uso, efeitos adversos e controle bioquímico. Os dados foram
analisados através de percentuais, médias e desvios padrão. A média de idade da
amostra foi de 24,4 ± 7,04 anos, sendo a maioria dos pesquisados do sexo masculino
(77,12%), com nível de escolaridade superior incompleto (36,44%) e sem renda própria
(56,36%). Os entrevistados praticavam musculação a menos de um ano (46,19%),
treinavam 5 dias por semana (27,97%), dividiam a rotina em A e B (49,15%) e sempre
incluíam alongamentos na sessão (72,88%). A maioria dos pesquisados objetivava a
hipertrofia muscular (50%) e definição muscular (48,73%) e optaram pela musculação
visando a promoção da saúde (58,90%) e estética (58,05%). Os resultados indicaram
médio consumo de recursos ergogênicos (n=10; 4,24%). Deca-Durabolin (60%),
Durateston (50%) e Hemogenim (40%) foram as substâncias mais citadas, motivados
pelo aumento no desempenho (60%) e de peso (50%), sendo que, 50% por vontade
própria e 30% por indicação do professor da academia. A aquisição destes ocorreu em
farmácias (50%) e através de professores (20%). A maioria dos usuários administrou a
substância na forma injetável (50%) e oral (50%), com freqüência de uso diário (40%).
Apesar de 80% dos entrevistados que utilizaram ergogênicos terem conhecimento dos
possíveis efeitos adversos, somente 10% realizaram exames bioquímicos de controle
das alterações hormonais. Os efeitos colaterais relatados foram irritação (50%), euforia
e agressividade (40%); e a média do valor gasto mensalmente na aquisição de REF foi
de R$ 236,50 ± 168,05. Os resultados permitiram concluir que alguns praticantes de
musculação das academias de Santa Maria consomem recursos ergogênicos
farmacológicos, principalmente, Esteróides Anabolizantes Androgênicos.