Líquido cerebroespinhal de cães com doenças do sistema nervoso central
Resumo
Foi realizado um estudo retrospectivo dos resultados do líquido cerebroespinhal (LCE) de
cães, atendidos pelo Serviço de Neurologia (SN) do Hospital Veterinário Universitário (HVU) da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), de 2004 a 2015, com o objetivo de analisar os
resultados obtidos do LCE de cães com sinais neurológicos, e comparar as alterações encontradas no
LCE em dois locais de colheita no mesmo paciente e verificar se esse exame auxiliou o clínico em
reforçar a suspeita clínica das principais doenças do sistema nervoso central. Dos 507 pacientes que
foram submetidos à análise do LCE, apenas as análises de 144 (26,5%) cães se adequaram aos
critérios de inclusão. Dentre estes, cães com cinomose representaram 21,6% (n=31), doença do disco
intervertebral (DDIV) 52,7% (n=76), tumores intracranianos (IC) 13,2% (n=19) e tumores envolvendo
a medula espinhal (ME) 8,3% (n=12). A pleocitose linfocítica esteve presente em 78,3% (29/37) das
amostras de cães com cinomose e em 23,2% (10/43) das amostras de cães com DDIV. Já a dissociação
albuminocitológica foi encontrada em 73% (19/26) das amostras de cães com tumores IC e em 64,3%
(9/14) das amostras de cães com tumores envolvendo a ME. Para os cães acometidos pela DDIV,
houve significância estatística (p < 0,05) entre o grau de disfunção neurológica e o total de células
nucleadas e total de proteínas encontrados no LCE destes cães. Em 29 cães, houve a colheita do LCE
tanto na cisterna magna (CM) quanto na cisterna lombar (CL) e em 12 (41,4%) os resultados foram
diferentes entre as duas amostras colhidas do mesmo cão, onde dois (6,9%) apresentaram alteração na
amostra colhida cranial à lesão. Pode-se concluir que a pleocitose linfocítica foi a principal alteração
encontrada no LCE de cães com cinomose e DDIV e dissociação albuminocitológica nas neoplasias,
intracranianas e medulares, cães acometidos pela DDIV apresentaram sinais neurológicos mais
severos conforme o TCN e o TP aumentaram e o LCE sofreu alteração, mesmo colhido cranial ao
local da lesão e auxiliou o clínico em reforçar a suspeita clínica, mas não confirmou, as principais
doenças neurológicas em cães.