Eficácia de três técnicas anestésicas na dor originada do casco em equinos
Resumo
O objetivo do presente estudo foi avaliar a eficácia do bloqueio da bursa do navicular (NB), articulação interfalangeana distal (AID) e bainha do tendão flexor digital profundo (BTFDP) em cavalos com dor ligada ao casco. Avaliou-se, também, a influência de alterações radiológicas no osso navicular e/ou na AID na resposta dos bloqueios. A melhora superior a 70%, até 15 minutos ( ) após o bloqueio do nervo palmar digital (BNPD), foi o critério de inclusão para este estudo. Assim, 15 equinos com claudicação grau III (AAEP, 1991) em um dos membros torácicos foram selecionados. Os bloqueios avaliados foram realizados em turnos separados com um intervalo mínimo de oito horas entre cada um. Sendo que no primeiro turno era realizado o BNPD, e os bloqueios da BN, AID e BTFDP foram distribuídos aleatoriamente entre os turnos 2, 3, e 4. A influência do exercício foi avaliada trotando os cavalos em um quinto turno após o último bloqueio. As avaliações objetivas foram realizadas antes, e aos 5 ,10 , 15 , 20 , 30 e 60 após cada bloqueio. O estudo radiológico completo do casco foi realizado junto com o bloqueio da BN. Os cavalos foram agrupados de acordo com grau de melhora, ou com o tipo de lesão, e o teste exato de Fischer com significância de 5% utilizado para comparar frequencias de animais com melhora superior a 50% e 70%. Os bloqueios da BN e AID não apresentaram diferença quando avaliado animais com melhora acima de 50%, porém o bloqueio da BN foi superior (p=0.03) ao da AID aos 10 , considerando uma melhora maior de 70%. Os maiores percentuais de melhora do bloqueios da BN foram aos 5 (70.88%) e 10 (72,33%), e para a AID aos 15 (58.76%) e 20 (56.17%). O bloqueio da BTFDP foi inferior ao da BN e da AID tanto para melhora da claudicação acima de 50% quanto para 70%. O bloqueio da AID apresentou uma melhora inferior ao BNDP até os 20 . Os maiores percentuais de melhora da anestesia da BTFDP foram 5 (25.22%) e 10 (26.42%), e equinos com as melhores respostas apresentavam algum grau de efusão na BTFD durante o exame clínico. O exercício não proporcionou melhora superior a 50% para nenhum dos equinos, porém, sete (46.66%) aumentaram a intensidade da claudicação. Observou-se lesões no osso navicular e AID em 40% do cavalos, e 53.33% apresentaram alterações apenas no osso navicular. Não houve diferença na eficácia dos bloqueios ao longo do tempo, quando agrupado os animais de acordo com as lesões radiológicas. O bloqueio da BN, AID apresentaram médias superiores a 50% até os 30 . Na análise objetiva, a anestesia da BN e AID apresentam eficácia semelhante e foram superiores ao da BTFDP em reduzir a intensidade da claudicação em equinos com dor ligada ao casco. A seleção da ordem dos bloqueios anestésicos deve ser baseada a partir de um exame clínico completo, pois ele permite a seleção dos bloqueios mais pertinente para cada caso. Além disso, sempre deve-se se optar pelo bloqueio mais específico e se possível realiza-los em momentos diferentes.