Detecção de anticorpos anti-Leishmania infantum, Neospora caninum e Toxoplasma gondii em cães necropsiados no hospital veterinário da UFSM
Fecha
2016-08-16Metadatos
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O cão (Canis lupus familiaris) pode ser infectado por uma variedade de protozoários, podendo desenvolver sinais clínicos ou permanecer assintomático. Devido à proximidade desta espécie com o homem e por alguns protozoários apresentarem potencial zoonótico, se realizou um estudo, incluindo Leishmania infantum, Neospora caninum e Toxoplasma gondii. L. infantum, é responsável por causar a leishmaniose visceral em diversas espécies, abrangendo o cão e o homem, com impactos deletérios na Saúde Pública. O cão é considerado o reservatório urbano deste parasita, e recomenda-se a eutanásia dos soropositivos, inclusive os assintomáticos. N. caninum e T. gondii são protozoários de ampla distribuição geográfica. Estes agentes, quando acometem os cães, podem causar distúrbios neurológicos, gastrintestinais, respiratórios e musculares. N. caninum é um protozoário de grande importância econômica, podendo ocasionar problemas reprodutivos em animais de produção e o cão é o hospedeiro definitivo deste agente. T. gondii é um micro-organismo oportunista, de potencial zoonótico, com ocorrência mundial. Os cães, assim como o homem, são considerados hospedeiros intermediários, podendo a infecção ser mais grave em indivíduos imunocomprometidos ou gestantes. Este estudo teve por objetivo pesquisar anticorpos anti-Leishmania infantum, Neospora caninum e Toxoplasma gondii em cães necropsiados; bem como determinar a ocorrência da infecção em animais procedentes de Agudo, Jaguari, Júlio de Castilhos, Mata, Santa Maria, Santiago, São Martinho da Serra, São Vicente do Sul e Tupanciretã, municípios da região central do Rio Grande do Sul (RS). Adicionalmente, correlacionou-se os dados epidemiológicos referentes a sexo, idade, raça, procedência e a ocorrência destes protozoários nas estações do ano, com as lesões anatomopatológicas. Os animais foram necropsiados durante a rotina do Laboratório de Patologia da Universidade Federal de Santa Maria, no período de novembro de 2014 a abril de 2016. Para detecção dos cães sororreagentes, foi realizada a Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), nas amostras armazenadas no banco de soro do Laboratório de Análises Clínicas Veterinárias. Analisou-se 78 amostras, onde 53/78 (67,9%) apresentaram soropositividade, demonstrando a presença de anticorpos para um ou mais dos agentes na população estudada. A ocorrência de anticorpos para L. infantum, N. caninum e T. gondii foi de 26/78 (33,3%), 29/78 (37,1%) e 34/78 (43,5%) respectivamente. Observou-se mono infecções em 5/53 (9,4%) para L. infantum, 10/53 (18,8%) para N. caninum e 11/53 (20,7%) para T. gondii, enquanto que, as coinfecções apareceram em 27/53 (50,9%) dos cães, sendo detectados em 4/53 (7,5%) L. infantum + N. caninum, 8/53 (15,0%) L. infantum + T. gondii, 6/53 (11,3%) N. caninum + T. gondii e 9/53 (16,9%) L. infantum + N. caninum + T. gondii, acometendo animais de diferentes idades, sem predominância de sexo ou raça. Não verificaram-se lesões anatomopatológicas características, caracterizando os animais como assintomáticos, denotando um papel para estes cães de sentinelas destas enfermidades. Este estudo contribuiu para um maior conhecimento da epidemiologia destas protozooses e observou o surgimento da leishmaniose visceral em animais provenientes de áreas consideradas indenes. Além disso, este trabalho poderá subsidiar os serviços de Saúde Pública na adoção de medidas preventivas, evitando possíveis casos de leishmaniose autóctones na região central do RS.