Detecção molecular de vírus respiratórios em cães
Fecha
2015-02-20Metadatos
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Os vírus respiratórios de cães estão associados com uma enfermidade denominada doença respiratória infecciosa canina (canine infectious respiratory disease - CIRD). Os principais agentes da CIRD são o vírus da cinomose (canine distemper virus - CDV), vírus da parainfluenza canina tipo 2 (canine parainfluenza virus - cPIV), adenovírus canino tipo 2 (canine adenovirus type 2 - CAdV-2) e herpesvírus canino tipo 1 (canid herpesvirus 1 - CaHV-1), que podem causar infecções simples ou mistas. A CIRD ocorre com maior frequência em locais com alta densidade populacional e constante fluxo de animais. Infecções pelo CDV, cPIV, CAdV-2 e CaHV-1 tem sido descritas em vários países, contudo, são escassos os relatos da identificação molecular desses agentes no Brasil. Além disso, há falta de estudos relacionados aos fatores que favorecem a ocorrência e disseminação desses agentes em cães de abrigos. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi investigar a ocorrência de vírus respiratórios em cães do município de Santa Maria, Rio Grande do Sul, e em cães de abrigos, buscando-se associar a ocorrência das infecções com as condições ambientais. Para isso, foram coletadas secreções nasais de cães com sinais respiratórios em clínicas veterinárias de Santa Maria; e de cães de três abrigos do estado do RS (dois em Cachoeira do Sul [#1 e #2] e um em Passo Fundo [#3]). A identificação viral foi realizada por reação em cadeia de polimerase (PCR) para o CDV, cPIV, CAdV-2 e CaHV-1. As amostras positivas foram sequenciadas e, para alguns vírus, foi realizada a análise filogenética, comparando-se com sequências depositadas no GenBank. As amostras dos abrigos #1 e #3 foram obtidas durante épocas de baixas temperaturas. O abrigo #1 apresentava condições sanitárias e nutricionais precárias, além de alta densidade populacional e constante contato entre os cães. Neste abrigo, 78% (58/74) das amostras foram positivas para, pelo menos, um dos vírus investigados. As infecções simples foram causadas pelo cPIV em 30% (22/74) das amostras e CAdV-2 em 5% (4/74). As coinfecções totalizaram 23% (17/74) para o cPIV e CAdV-2; 13% (10/74) para o cPIV, CDV e CAdV-2; 4% (3/74) para o cPIV e CDV; e 3% (2/74) para o CDV e CAdV-2. Os abrigos #2 e #3 eram higienizados corretamente e os cães recebiam alimentação adequada, sendo que no abrigo #2 os animais possuíam amplo espaço para se exercitarem, e no abrigo #3 os animais eram separados em grupos e alojados em gaiolas. No abrigo #2 foram detectadas 8% de amostras positivas para o cPIV e 6% para o CaHV-1; e no abrigo #3, 8% de amostras positivas para o CAdV-2 e 1% para o CDV. Das amostras obtidas em clínicas de Santa Maria, 40% (10/25) foram positivas para um dos vírus pesquisados, sendo 28% (7/25) para o cPIV, e 4% (1/25) para cada um dos outros vírus. Assim, os resultados obtidos demonstram que infecções e coinfecções por vírus respiratórios são comuns em cães de abrigos no estado do RS, estando relacionadas com a densidade populacional, condições sanitárias e nutricionais e estação do ano. Estes vírus também circulam em cães domésticos em Santa Maria, estando associados com doença respiratória. Este estudo reforça a importância de medidas de prevenção, tendo em vista que a vacinação e boas condições ambientais podem reduzir e/ou prevenir as infecções causadas por vírus respiratórios em cães.
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