Extremos de umidade na América do Sul e a contribuição do Oceano Atlântico Sul
Abstract
Atualmente os eventos climáticos extremos têm ocorrido com maior intensidade e/ou frequência sobre a América do Sul. Os indicativos para essas alterações circundam a variabilidade natural do clima, uso da terra (desmatamento e urbanização), aquecimento global, aumento da concentração de gases do efeito estufa e aerossóis na atmosfera. A América do Sul recebe um grande aporte de umidade pela existência da floresta Amazônica em seu território e também cerca de 37% de contribuição oriunda do Oceano Atlântico. Considerando todo o globo terrestre, alguns dos eventos atmosféricos precisam ser analisados com relação ao aporte de umidade sobre o continente. Com relação ao oceano, a circulação dos oceanos podem interferir, por exemplo, na temperatura da superfície do mar (TSM), influenciando ou não no aporte de umidade para o continente. O objetivo do presente trabalho foi analisar a variabilidade da umidade atmosférica na América do Sul e de seus valores extremos e as relações com a temperatura da superfície do mar nos oceanos adjacentes. O presente trabalho utilizou dados do ECMWF, da reanálise do ERA-INTERIM (pressão ao nível do mar e pressão em superfície, evaporação, temperatura do ar e temperatura do ponto de orvalho a 2 metros e vento zonal e meridional a 10 metros) e também dados de temperatura da superfície do mar do MetOffice Hadley Centre (HADISST). O período de análise do presente trabalho foi de 1980 a 2009, compreendendo um período de 30 anos de dados. Primeiramente foram calculadas as climatologias, as tendências e os extremos de umidade e evaporação (frequência, intensidade e recorrência dos eventos). Posteriormente, foram realizadas as composições defasadas para verificar o papel das anomalias da temperatura da superfície do mar durante os eventos extremos de umidade e evaporação. Os principais resultados encontrados foram em relação a um aumento da pressão ao nível do mar e da TSM no Atlântico sudoeste, aumento também da evaporação na costa leste e norte da América do Sul, e sua diminuição na região centro-sul do continente. Além disso, a região centro-sul também demonstrou uma diminuição da temperatura do ponto de orvalho e da umidade específica, e um aumento na diferença entre a temperatura do ar e a temperatura do ponto de orvalho. Diminuição da magnitude do fluxo de umidade e intensificação de eventos extremos secos sobre a região centro-sul da América do Sul também foram observados. E por fim, os resultados mostraram que um ciclo de anomalia de TSM durante um evento extremo no continente durou aproximadamente cinco meses e, pelo menos um mês antes do evento, sinais da anomalia de TSM já era observada. Em suma, as alterações mais significativas na umidade sobre a América do Sul foram encontradas no setor centro-sul do continente e sobre o Oceano Atlântico sudoeste, próximo a Confluência Brasil-Malvinas (CBM).