Significados atribuídos por agentes socioeducativos ao fenômeno da privação de liberdade feminina
Abstract
Este estudo buscou investigar quais as percepções dos agentes socioeducativos de uma instituição de privação de liberdade feminina sobre o local onde trabalham e suas funções laborais. Para atingir os objetivos propostos, optamos por um viés qualitativo. A coleta de informações foi realizada a partir de entrevistas individuais, semi-estruturadas, com dez socioeducadores do Centro de Atendimento Socioeducativo Feminino (CASEF) no RS. A análise dos dados revelou um impacto inicial marcante dos participantes ao ingressarem no quadro funcional da instituição. Este choque auxilia sua descrição do local nesta época de ingresso como próximo a uma unidade estritamente prisional. Entretanto, desde o princípio, os entrevistados ressaltam a percepção da instituição onde trabalham como diferenciada e seu desempenho qualitativamente superior. Descrevem a história e a trajetória do CASEF como variáveis essenciais para resultados atuais que consideram mais efetivos em comparação aos das unidades masculinas e às suas próprias conquistas no passado. Crêem que suas funções estão ligadas à educação e que esta teria relação estreita com a estipulação de limites através da disciplina assim como do vínculo afetivo, a ser construído entre adolescentes e socioeducadores. Enfatizam a importância de seu trabalho compreendendo que cabe à sua categoria a maior parte da responsabilidade pelos processos de ressocialização. Por fim, sugerimos a necessidade de se investir mais em estudos que demonstrem experiências que possam ser seguidas, exemplos replicáveis de relações, métodos, ferramentas que alavanquem os processos de ressocialização, para além da pura denúncia. Compreende-se que é preciso, sobretudo, conhecer e destacar o humano existente por trás dos estigmas relacionados a todos os envolvidos com o fenômeno da privação de liberdade em adolescentes.