Conversando sobre sexualidade com filhos adolescentes: o olhar de mães de grupos populares
Date
2014-01-20Metadata
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O presente estudo teve como objetivo conhecer a percepção de mães de grupos populares acerca do diálogo sobre sexualidade com seus filhos adolescentes. Com este intuito, realizou-se um estudo qualitativo, do qual participaram mães de adolescentes usuárias de um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Foram realizadas nove entrevistas e dois grupos focais, com a presença de três a cinco participantes por grupo. Os grupos e as entrevistas foram analisados a partir da Análise de Conteúdo. Os resultados estão apresentados em três artigos. No primeiro deles, busca-se compreender, a partir da percepção das mães participantes, os desafios para o estabelecimento do diálogo sobre sexualidade com os filhos adolescentes. Evidencia-se que as mães participantes têm apresentado algumas dificuldades para dialogar sobre sexualidade com os filhos, por isso, poderiam estar transferindo à escola a tarefa de abordar o assunto. Além da escola, as mães apontaram os serviços de saúde pública, a internet e os irmãos como fontes de informações sobre sexualidade utilizada pelos seus filhos. O segundo artigo apresenta tanto a forma como as mães participantes relataram ter vivenciado a questão do diálogo sobre sexualidade na família durante sua própria adolescência, quanto o modo como elas afirmaram tratar essa temática com seus filhos adolescentes. Os resultados deste artigo mostram que a maioria das participantes relatou um passado marcado por silenciamento, tabus e traumas em relação à questão da sexualidade. Muitas delas destacaram suas tentativas para não reproduzir o modelo familiar, ou seja, procurando abordar o tema com seus filhos. O terceiro artigo reflete, a partir do ponto de vista das mães, sobre alguns aspectos referentes ao diálogo sobre sexualidade entre pais e adolescentes. A maioria das participantes referiu ter mais facilidade para conversar com as filhas adolescentes do que com os filhos. Algumas relataram sentimentos de despreparo e vergonha para falar sobre certos assuntos relacionados à sexualidade com os filhos, os quais teriam mais abertura com outros familiares do sexo masculino. Observou-se, a partir dos relatos das participantes, tanto a percepção de que os adolescentes já teriam informações suficientes sobre o assunto quanto a ideia de que eles esperariam esclarecimentos e abertura para o diálogo por parte dos pais. Diante da realidade constatada nestes artigos, pode-se dizer que, apesar da complexidade do tema da sexualidade e das dificuldades enfrentadas pelas mães para abordá-lo com os filhos, a maioria delas pareceu esforçar-se para que este diálogo aconteça, de forma diferente da vivenciada por elas, o que deve ser reconhecido como algo bastante positivo. Por fim, destaca-se a necessidade de políticas públicas que atuem junto às famílias, incentivando o diálogo entre pais e filhos.