"A arte de viver": (re)apresentando a experiência de adolescentes vivendo com HIV/Aids
Resumo
A presente dissertação pretende (re)apresentar a experiência de adolescentes vivendo com HIV/Aids, infectados a partir da transmissão vertical, e que são atendidos em um hospital público localizado no sul do Brasil. Especificamente, busca: socializar as experiências de pesquisa junto ao hospital foco de estudo; discutir as concepções sobre adolescência/adolescente e como essas aparecem nos discursos dos entrevistados; e identificar representações da aids e de estar HIV positivo, de modo a compreender como essas impactam as relações sociais/afetivas, e a construção de identidade. A partir de uma perspectiva qualitativa, foram realizadas entrevistas individuais, semiestruturadas, com seis adolescentes (11 a 14 anos) que conhecem seu diagnóstico para o HIV. A interpretação das informações é conduzida com base na Psicologia Social Crítica, apoiando-se na Teoria das Representações Sociais e estudos interdisciplinares sobre identidade, adolescência e HIV/Aids. Os resultados são apresentados em três artigos-diários. O diário 1 Movimentos de Pesquisa em um Serviço Especializado em Assistência ao HIV/Aids: interdisciplinaridade, acolhimento e acesso aos adolescentes socializa as experiências em pesquisa junto ao Serviço de Saúde especializado no atendimento a crianças e adolescentes vivendo com HIV/Aids. O diário 2 - A adolescência (re)apresentada na ótica da Psicologia Social Crítica - (re)introduz alguns elementos para construir uma concepção alternativa de adolescência/adolescente que esteja em sintonia com as pressuposições ontológicas e epistemológicas da Psicologia Social Crítica. O diário 3 - Adolescentes vivendo com HIV/Aids: identidade e Representações Sociais em diálogo apresenta e analisa as experiências dos adolescentes, de modo a compreender como as representações da aids impactam seus relacionamentos sociais/afetivos e a construção de suas identidades. Como conclusão, foi enfatizado que reconhecer o adolescente como participante nas decisões com relação ao seu corpo/tratamento poderá trazer benefícios, como: o fortalecimento do vínculo com os serviços de saúde e o aumento da adesão ao tratamento. Foi sugerida a implementação de espaços dialógicos, onde os adolescentes (e também os familiares) não apenas possam compartilhar suas experiências com outros adolescentes e profissionais da saúde, mas como um espaço cotidiano para clarear dúvidas/questões sobre adolescência e HIV/Aids. Por fim, foi assinalada a necessidade de estratégias que desconstruam representações tradicionais e negativas da aids na sociedade, de modo que esses adolescentes, e demais pessoas vivendo com HIV/Aids, possam aliviar seus medos de sofrer preconceito.