A relação entre comportamentos antissociais e fatores de risco e proteção em adolescentes de diferentes contextos
Resumo
O comportamento antissocial pode ser caracterizado como um padrão de ações cuja finalidade
é a obtenção de recompensas imediatas, afastar ou anular as exigências do meio social em que
o indivíduo está inserido. No entanto, quando esses comportamentos se intensificam,
estabilizam e se tornam frequentes podem ser classificados como transtornos (Transtorno de
Conduta, Transtorno Desafiador-Opositivo e Transtorno da Personalidade Antissocial)
presentes no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-V. Os
comportamentos antissociais podem ser categorizados como: persistentes (quando iniciam na
infância e tendem a prosseguir até a fase adulta) e transitórios (quando se encontram restritos
a uma fase do desenvolvimento, em geral, adolescência). Os comportamentos que surgem na
adolescência são propensos, muitas vezes, a desaparecer com a maturidade do indivíduo.
Apenas uma pequena parcela de adolescentes permanece com comportamentos antissociais na
vida adulta. Essa dissertação está dividida em dois estudos. O primeiro estudo realizou uma
revisão sistemática de literatura, a partir do modelo proposto por Moffitt (1993), buscando
oferecer um panorama atual dos estudos que investigam os correlatos do comportamento
antissocial ao longo do desenvolvimento. Os resultados indicam que a disparidade entre o
crescimento corporal e os níveis de maturidade psicológica e social são aspectos que podem
impulsionar o surgimento de comportamentos antissociais transitórios. Já os comportamentos
antissociais persistentes têm sua origem na infância devido a múltiplas variáveis que podem
contribuir para a produção desses comportamentos (violência familiar, problemas escolares,
neurológicos, etc). O uso dessa tipologia pode auxiliar e melhorar as chances de sucesso nas
ações preventivas e intervenções terapêuticas voltadas para indivíduos que apresentam esses
comportamentos. O segundo estudo busca comparar dois grupos de adolescentes escolares e
adolescentes em conflito com a lei quanto ao estabelecimento de projetos de futuro e à
ocorrência de reprovação e expulsão escolar (um grupo é composto por 73 estudantes de
escolas públicas e outro por 73 adolescentes que cumprem medida socioeducativa). A coleta
de dados foi realizada através do questionário Juventude Brasileira. Verificou-se que os
adolescentes que cumprem medidas socioeducativa apresentam baixa escolaridade, possuem
histórico de repetência e expulsão escolar quando comparados com o grupo da escola. Os
adolescentes que estão envolvidos com a socioeducação raramente incluem atividades
relacionadas ao estudo em seus planos para o futuro. O histórico de recorrentes problemas
escolares pode servir como uma ferramenta que auxilia na identificação dos possíveis
indivíduos com comportamentos antissociais. Portanto, para esses indivíduos com essas
características, deveriam ser criadas formas de intervenções (psicoterapias) focadas
especificamente na integração com a escola, a fim de evitar que esses comportamentos
antissociais se tornem persistentes.