Planejamento familiar e configurações familiares sob a ótica de mulheres atendidas em unidades de Estratégia de Saúde da Família do município de Santa Maria
Fecha
2016-03-15Metadatos
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O planejamento familiar está fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da
parentalidade responsável, sendo que ao Estado compete propiciar um conjunto de ações que
garantam à mulher, ao homem, e ao casal, o direito de constituição, limitação e aumento da
prole, conforme seus interesses. Com isto se entende que o planejamento familiar abarca não
só questões biológicas, mas também aspectos emocionais e culturais. Nesse sentido, acreditase
que a Psicologia pode contribuir para a ampliação do conhecimento acerca desta temática.
Com base nisto, o presente estudo pretendeu conhecer a opinião de usuárias do Sistema Único
de Saúde em relação ao planejamento familiar, bem como compreender como as mesmas se
situam diante desta questão. Também se pretendeu conhecer a configuração familiar das
participantes, e os significados que atribuem à família. Por fim, buscou-se compreender o
papel e a participação de mulheres e homens em relação ao planejamento familiar. Para tanto
se realizou uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa, sendo que a coleta de
dados se deu por meio de entrevista semiestruturada. Após a transcrição das entrevistas, a
análise dos dados seguiu a técnica de análise de conteúdo. A amostra da pesquisa foi de 15
mulheres, as quais representavam quatro unidades de ESF do município de Santa Maria,
pertencentes regiões distintas do município. Os resultados foram apresentados em três artigos.
O primeiro artigo teve como resultado a identificação de que nenhuma das quatro unidades de
ESF oferecia ações específicas de planejamento familiar. As participantes não tinham
conhecimento sobre planejamento familiar e não haviam participado de ações específicas a
este respeito. O segundo artigo teve como foco as configurações familiares das participantes,
as quais estão baseadas nos laços afetivos, e no reconhecimento como membros da família
aqueles que fazem parte da rede de apoio. No terceiro artigo verificou-se que a mulher é
percebida como a grande responsável pela família, tanto pela constituição quanto pela
manutenção. Porém, em suas vivências, as participantes relataram dividir com o companheiro
não só os cuidados familiares, mas também a responsabilidade da contracepção, na medida
em que eles as auxiliam na utilização do método contraceptivo. Ressalta-se o indício de uma
sobreposição de aspectos tradicionais com novos padrões de relações. As considerações finais
evidenciam que as ações de planejamento familiar são importantes para o bem-estar e saúde
da população, visto que, longe de ser uma estratégia de controle demográfico, a possibilidade
de poder planejar a família, o número e o espaçamento dos filhos que se deseja ter, ou não ter,
traz influência direta à vida das pessoas. Nesse sentido, é fundamental que ocorra a
implantação e implementação do planejamento familiar nas unidades de ESF, tal como
previsto na legislação.