Mulheres em vivência de rua e a integralidade no cuidado em saúde
Abstract
A presente dissertação refere-se a um estudo teórico e empírico, de cunho qualitativo, cujo tema é a saúde de mulheres em vivência de rua. Elaborada em formato de artigos acadêmicos, busca, em cada um deles, respectivamente: discutir e problematizar o uso do termo situação de rua utilizado para se referir a uma diversidade de pessoas que habita as ruas, instituições ou habitações irregulares; refletir sobre a relação pesquisador-universo pesquisado em estudo etnográfico com populações de difícil acesso; e discutir em torno de transversalidades no cuidado em saúde das mulheres em vivência de rua. Os dados teóricos foram coletados através de uma busca detalhada na página-web do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), de onde selecionamos três documentos públicos que compõem a política de atenção às pessoas em situação de rua para compor a análise: PNAS/2004; Decreto nº 7.053/2009; Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Já os dados empíricos foram produzidos através do método etnográfico, utilizando-se de observação participante e de registro em diário de campo. A interpretação das informações é conduzida com base na Psicologia Social Crítica, apoiando-se na Teoria das Representações Sociais, Estudos de Gênero e estudos interdisciplinares sobre vivência de rua e saúde. Os resultados, apresentados em três artigos acadêmicos intitulados: ‟Olhar com olhos de ver‟: Reflexões acerca do termo situação de rua‟ ; População de difícil acesso e a implicação do psicólogo pesquisador: um estudo etnográfico com mulheres em vivência de rua ; e Saúde de mulheres em vivência de rua: notas de um diário de campo . Concluímos que uma cuidadosa atenção às pessoas em vivência de rua demanda um olhar que abarque suas variadas problemáticas, necessidades e desejos, o que inclui repensar as nomenclaturas utilizadas. Além disso, em termos metodológicos, salientamos que o método etnográfico vai ao encontro da Psicologia Social Crítica, demandando um olhar sensível e implicado no processo de pesquisa. Por fim, ressaltamos que as mulheres em vivência de rua representam uma população bastante diversa em suas características e complexa em suas necessidades, exigindo cuidados que levem em conta uma variedade de transversalidades, especialmente aquelas que se referem às interações e relações estabelecidas nos meios onde vivem.