Desenvolvimento e validação de método para determinação de etilenotiouréia em urina empregando HPLC UV
Resumo
Para atender a demanda mundial por alimentos, é essencial o emprego de pesticidas para proteger as culturas contra doenças e pragas, mas o uso imprudente e indiscriminado destes compostos pode resultar em contaminação dos alimentos e seus derivados, bem como no ambiente como um todo, aumentando, dessa forma, a preocupação em relação ao emprego dos pesticidas. Os pesticidas etileno-bisditiocarbamatos, da classe dos ditiocarbamatos, estão entre os fungicidas mais empregados em todo o mundo para o controle de pragas. Apesar de possuírem baixa toxicidade, um de seus produtos de degradação, a etilenotiouréia (ETU), é um metabólito tóxico, a qual possui efeitos teratogênicos, carcinogênicos, imunotóxicos e mutagênicos. Neste trabalho, desenvolveu-se e validou-se um método cromatográfico para a determinação dos resíduos de ETU em urina, empregando-se extração líquidolíquido e quantificação por HPLC-UV. O procedimento desenvolvido consiste na extração do analito de interesse, com 6 mL de diclorometano, adicionando-se MgSO4 para auxiliar no processo de partição, ou seja, distribuição do composto entre as fases orgânica e aquosa. Posteriormente, centrifugou-se e evaporou-se
uma alíquota do sobrenadante em banho de água à 44 ºC, redissolvendo-se em água purificada e analisa-se em sistema HPLC, injetando-se 50 μL em coluna C18 com fase móvel MeOH:H2O (10:90; v/v) e detecção por absorção de luz em 233 nm. Para a validação do método avaliaram-se os seguintes parâmetros: limite de detecção (LOD), limite de quantificação (LOQ), linearidade, precisão (repetitividade e
precisão intermediária) e exatidão (recuperação). O LOD do método foi de 0,05 mg ETU L-1 e o LOQ 0,2 mg ETU L-1. As curvas analíticas apresentaram r2 > 0,998 com
linearidade entre 0,05 e 1,0 mg ETU L-1. Os resultados de precisão foram excelentes, com valores de desvio padrão relativo entre 1,7 e 2,7%, e as recuperações foram de 85,6 a 95,4% para 3 níveis de fortificação: 0,05, 0,1 e 0,5 mg
ETU L-1. Através dos resultados obtidos na validação, pode-se concluir que o método é apropriado para determinar resíduos de etilenotiouréia em urina. O método tem
várias vantagens como: simplicidade, rapidez, e poder ser executado com equipamentos geralmente disponíveis nos laboratórios. Entretanto, poderia apresentar resultados ainda melhores em termos de sensibilidade, seletividade e
confirmação da identidade da ETU, se fosse possível, por exemplo, a utilização de cromatógrafo à líquido acoplado à espectrômetro de massas, onde a pureza dos
picos cromatográficos poderia ser avaliada e a detectabilidade poderia ser 3 ordens de magnitude menor (1000 vezes).