Dinâmica digestiva proteica e resposta de desempenho em jundiá (Rhamdia quelen)
Resumo
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de dietas com diferentes velocidades de digestão proteica sobre o desempenho, composição centesimal, parâmetros metabólicos, curva glicêmica e curva de absorção proteica de jundiás. O efeito da adição de tanino às dietas experimentais com fontes proteicas de rápida digestão também foi avaliado quanto às respostas digestivas e metabólicas dos animais. Foram realizados testes in vitro para seleção de fontes proteicas com diferentes tempos de digestão, que compuseram as dietas experimentais: PS- farinha de peixe (lenta velocidade de digestão) e farelo de soja (rápida velocidade de digestão); PC- farinha de peixe e farelo de canola (média velocidade de digestão), PCS: farinha de peixe, farelo de canola e de soja, PStan- farinha de peixe e farelo de soja (com adição de 1,5% de tanino) e PCStan- farinha de peixe, farelo de canola e de soja (com adição de 1,5% de tanino). No ensaio biológico de crescimento foram utilizados 375 juvenis de jundiá (38 ± 3g de peso inicial), divididos em 15 unidades experimentais em cinco tratamentos e três repetições. Ao final de 60 dias experimentais os animais foram pesados e medidos e realizadas coletas de sangue, filé, fígado e trato digestório, bem como, realizada análise centesimal de peixe inteiro. As curvas glicêmica e proteica foram determinadas a partir da coleta de sangue antes do arraçoamento e de hora em hora após o fornecimento das rações experimentais (2,5% peso vivo), totalizando 12 pontos de análise. Para a digestibilidade aparente das rações para os jundiás foi utilizado o óxido de cromo como indicador, quantificado nas rações e fezes. Foram observadas nas curvas de digestão in vitro, diferenças marcantes quanto à digestão dos diferentes ingredientes proteicos e das rações, se refletindo no desempenho dos animais. Mesmo sem mostrar diferenças significativas, foi possível observar uma tendência da dieta PS, que teve curva de digestão mais estável, a melhores resultados de desempenho e de deposição proteica na carcaça, quando comparada à dieta PC, com menores valores de gordura na carcaça, porém com menor retenção de proteína. Os índices hepato e gonado-somático foram maiores nos animais do tratamento PS, em comparação com os do tratamento PC. O tratamento PS, também apresentou os melhores resultados para digestibilidade aparente dos nutrientes das rações, enquanto as dietas com adição de tanino apresentaram os piores resultados de digestibilidade de proteína das rações. Também na dieta PCStan, observou-se alterações nos parâmetros sanguíneos, o que aliado a curva glicêmica pode mostrar um indicativo de estresse nos animais alimentados com essa dieta. Para as demais análises (fígado e trato digestivo), não foram observadas diferenças. Com base nos resultados encontrados, pode-se concluir que: o desempenho dos animais não foi afetado pelas dietas. Os animais alimentados com a dieta PS apresentaram maior retenção de proteína na carcaça. Houve alterações nos parâmetros sanguíneos dos animais dos tratamentos com tanino e do tratamento PS. A adição de tanino nas dietas não apresentou melhora no desempenho, sendo que sua adição piorou a digestibilidade aparente dos nutrientes da ração.