Metodologias para a determinação de perdas endógenas de fósforo para suínos em crescimento
Resumo
O fósforo (P) é essencial aos suínos e precisa ser fornecido em quantidades adequadas para minimizar os custos de produção e reduzir o impacto ambiental. A digestibilidade padronizada é considerada uma boa estimativa do P útil presente nos alimentos destinados aos suínos. Para a determinação da digestibilidade total padronizada de fósforo (DTPP) é necessário conhecer as perdas endógenas de fósforo. Uma das metodologias mais utilizadas para encontrar as perdas endógenas de P é a da dieta isenta de fósforo. O uso da gelatina (GEL) como ingrediente proteico em dieta isenta de P tem sido adotado por pesquisadores. No Brasil, o plasma sanguíneo desidratado (PS) vem sendo utilizado como fonte proteica em dietas isentas de fósforo. Apesar do baixo conteúdo e a alta digestibilidade do P presente no PS, seu emprego pode gerar valores incorretos de perdas endógenas de P e, em decorrência, superestimar os coeficientes de digestibilidade padronizada do P nos alimentos de suínos. Contudo, uma das vantagens da utilização do PS é seu custo inferior em relação a GEL e, por essa razão, estudos mais aprofundados da influência do PS nas perdas endógenas e digestibilidade de P no PS se justificam. Dessa forma, um experimento foi realizado com o objetivo de comparar as perdas endógenas de P em suínos alimentados com dietas contendo GEL ou PS como fonte proteica e também determinar a DTPP no plasma sanguíneo desidratado. O experimento foi realizado no Setor de Suínos da Universidade Federal de Santa Maria RS. Utilizaram-se 12 suínos machos castrados com peso médio inicial de 55kg, alojados individualmente em gaiolas de metabolismo. O experimento foi constituído por dois períodos de 12 dias, sendo que cada período compreendeu sete dias destinados à adaptação e cinco para a coleta total de fezes. O início e o final do período de coleta foram determinados pelo aparecimento de fezes marcadas devido a adição de óxido férrico nas dietas. Os animais foram pesados no início e final da adaptação e ao final do período de coleta. Foram distribuídos em quatro tratamentos constituídos por dietas semipurificadas. Um dos tratamentos foi constituído por dieta isenta de P e teve 30% de incorporação de GEL, sendo esta a única fonte proteica da dieta. Os outros três tratamentos utilizaram uma dieta com teores de 10, 20 e 30% de inclusão de plasma sanguíneo desidratado. A relação entre cálcio e P total das dietas foi de 1:1. Os dados foram submetidos a análise de variância utilizado no modelo o efeito do período, animal e tratamentos. Posteriormente, os resultados das três dietas com níveis crescentes de inclusão de PS foram submetidos à análise de regressão linear, sendo que o intercepto da relação entre fósforo ingerido (PING) e fósforo absorvido (PABS) representou as perdas endógenas de P e o coeficiente angular da reta indicou a DTPP do plasma sanguíneo desidratado. As estimativas de perdas endógenas obtidas pela dieta isenta de P e pelo método da regressão foram comparados pelo
teste t de Student. As perdas endógenas de P da dieta isenta de P foram de 128,95mg/kgMSING e 153 mg/kgMSING (EP=77,0; P<0,06) com a dieta isenta de P, tendo a GEL como fonte de proteína, e pelo método de regressão, estimada com dietas contendo níveis crescentes de PS, respectivamente. A digestibilidade aparente do P foi de 87,9, 94,2 e 92,9% para os tratamentos com 10, 20 e 30% de inclusão de fósforo, respectivamente. Já a estimativa da digestibilidade padronizada de P gerada pela técnica da regressão linear simples foi de 97,4%. A correção dos valores de digestibilidade aparente do P, obtidos com as dietas contendo PS, usando a perda endógena basal estimada pelo método da dieta isenta de P, resultou em digestibilidade total padronizada de 96,9, 98,7 e 95,9% para o P para os níveis de inclusão de PS de 10, 20 e 30%, respectivamente. Com isso, pode-se concluir que o plasma sanguíneo desidratado pode substituir a gelatina como fonte de proteína em dietas isentas de fósforo elaboradas para determinar perdas endógenas de fósforo e a digestibilidade padronizada do fósforo no plasma sanguíneo desidratado foi de 97,2%, estimada pela dieta isenta de fósforo, tendo a gelatina como fonte de proteína e 97,4% pelo método da regressão, utilizando plasma sanguíneo desidratado como fonte de proteína.