Desempenho, características da carcaça e da carne de bovinos de diferentes sexos e idades, terminados em confinamento
Resumo
O objetivo deste experimento foi avaliar o desempenho, as características da carcaça e da carne de 24 bovinos machos castrados, sendo 12 com idade média inicial de 8,1 meses e 12 com 20 meses. Também utilizou-se 24 fêmeas, sendo 12 com idade média inicial de 8,2 meses e 12 com 20,5 meses. Esses animais foram escolhidos ao acaso do rebanho experimental do Departamento de Zootecnia da UFSM, pertencentes aos grupos genéticos ⅝ Charolês (CH) ⅜ Nelore (NE), ⅝NE ⅜CH, ¾CH ¼NE e ¾NE ¼CH, das idades: Jovem (animais abatidos com idade entre 20 e 24 meses), ou superjovem (animais abatidos com idade entre 12 e 16 meses). A idade média ao final do período experimental, dos animais jovens foi de 22,5 e 22 meses para fêmeas e machos e dos superjovens foi de 15,2 e 13,1 meses para fêmeas e machos, respectivamente. Os animais foram terminados em confinamento até atingirem peso de abate previamente estabelecido em 360 kg para as fêmeas e 330 kg para os machos. A dieta foi calculada segundo o NRC (1996), objetivando um ganho médio diário de peso (GMD) de 1,30
kg/animal, estimando-se um consumo de matéria seca (CMS) em percentagem de peso vivo (CMSPV) de 2,5 kg de matéria seca (MS) /100 kg de peso vivo. Para todos os animais, a dieta utilizada apresentou relação volumoso:concentrado de 50:50 (base na MS), contendo 16% de proteína bruta (PB) para os superjovens e 13% PB para os jovens. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em um arranjo fatorial 2 x 2 (duas idades x dois sexos). Cada tratamento foi composto por 3 repetições e cada unidade experimental foi constituída por um lote de quatro animais (Capítulo 1), no Capítulo 2 e 3 cada tratamento foi composto por 12 repetições, em que cada unidade experimental foi constituída por um animal. Os machos apresentaram maior GMD (1,36 contra 1,26 kg) em relação às fêmeas. A idade jovem apresentou maior GMD (1,55 contra 1,07 kg). Comportamento semelhante foi verificado para ganho em
estado corporal diário (0,015 contra 0,009 pontos) dos jovens em relação aos superjovens. Os parâmetros peso inicial (PI), escore corporal inicial e final (ECI e ECF), consumo de matéria seca diário (CMSD), por peso vivo (CMSPV) e por tamanho metábolico (CMSTM), conversão de energia digestível (CAED) e de proteína (CAPB) foram influenciadas pelo sexo e pela idade utilizados. Para PI, ECI e CMSD, as fêmeas jovens foram superiores aos machos contemporâneos (256,63 contra 230,63 kg; 2,50 contra 2,38 ptos e 8,96 contra 8,37 kg, respectivamente); na idade superjovem não houve efeito de sexo. Para ECF, as fêmeas superjovens foram superiores aos
machos (3,95 contra 3,80 ptos). Os animais da idade jovem apresentaram maior CMSPV e CMSTM, melhor CAED e CAPB, entretanto, não diferiram entre sexo; já nos superjovens, os
machos se sobressaíram frente às fêmeas (2,74 contra 2,47%; 108,09 contra 101,92 g; 27,30 contra 38,01 kg ED/ kg GP e 1,19 contra 1,72 kg PB/ kg GP, respectivamente). A idade
superjovem apresentou carcaças com maiores pesos de carcaça quente e fria (196,79 e 192,03 contra 186,93 e 181,85 kg), rendimentos de carcaça quente e fria (56,80 e 55,42 contra 54,26 e 52,58 %), melhor conformação (10,83 contra 9,00 pontos) e maior peso absoluto e percentual de
dianteiro (35,14 contra 32,58 kg e 36,65 contra 35,94 %). Carcaças de machos apresentaram maior perímetro de braço (34,65 contra 33,62 cm), área de Longissimus dorsi (58,55 contra 58,27 cm2) e maturidade fisiológica (13,21 contra 13,17 ptos). As variáveis de espessura de coxão (ECOX), área de Longissimus dorsi/100 kg peso de carcaça fria (AOL100), comprimento de perna (CPER), espessura de gordura subcutânea em mm e por 100 kg de carcaça fria(EG e EG100) e costilhar (Cos, kg e %) apresentaram interação entre sexo e idade. Para ECOX, observou-se que os machos superjovens apresentaram maior ECOX comparados aos jovens e às fêmeas superjovens, embora estas não tenham diferido das jovens. Os machos superjovens apresentaram maior AOL100 que as fêmeas (33,70 contra 28,95 cm2); na idade jovem não
observou-se diferença entre os sexos. Menor CPER foi encontrado para os machos superjovens, diferindo das demais idades e sexos. Para EG, EG100, Cos, kg e %, as fêmeas superjovens apresentaram os maiores valores, diferindo das demais idades e sexos. Animais com idade jovem
apresentaram carcaças com menor percentagem de gordura (20,03 contra 22,79%), relação músculo:osso (4,11 contra 4,40) e relação músculo + gordura:osso (5,39 contra 5,99); maior percentagem de osso (15,76 contra 14,45%) e relação músculo:gordura (3,29 contra 2,87); carne com melhor textura (3,92 contra 4,38 ptos) e maior quebra durante o descongelamento (8,53 contra 5,07%). Os machos apresentaram carcaça com maior percentagem de músculo (65,54 contra 62,03%), osso (15,48 contra 14,73%) e relação músculo:gordura (3,46 contra 2,69); menor percentagem de gordura (23,58 contra 19,25%), relação músculo + gordura:osso (5,52 contra 5,86); e a carne foi mais palatável (7,33 contra 6,22 ptos) e com menor marmorização (3,79
contra 5,58 ptos). A quebra na cocção e a quantidade total de gordura apresentaram interação entre sexo e idade. A carne dos machos de ambas as idades apresentou maior quebra durante a cocção, comparada às fêmeas superjovens, embora essas não tenham diferido das jovens. Para
quantidade total de gordura verificou-se que as fêmeas superjovens foram superiores (51,07 kg), e os machos jovens foram inferiores (32,02 kg), diferindo das demais idades e sexos