Efeito da fibra nas perdas endógenas e balanço de nitrogênio de suínos em crecimento
Resumo
A primeira parte da dissertação descreve um estudo meta-analítico realizado com o objetivo de quantificar a influência da fibra nas perdas endógenas de nitrogênio (N) e aminoácidos (AA), e identificar formas de expressão da fibra que melhor expliquem o efeito desse componente nas perdas endógenas de N e AA. A segunda parte aborda dois experimentos de digestibilidade planejados para verificar se alimentos fibrosos contribuem com o balanço de N de suínos. Quanto a meta-análise, a regressão entre o nitrogênio endógeno total (NENDTOTAL) (mg/kg matéria seca ingerida (MSI)) e as concentrações de fibra dietética total (FDT) e fibra em detergente neutro (FDN) resultou nas equações: y= 1504 + 160,8 * FDT (r2= 0,73) e y = 1773 + 161,0 * FDN (r2= 0,69). Os coeficientes angulares das regressões entre NENDTOTAL e FDT ou FDN indicaram que a cada ponto percentual de aumento na concentração de fibra dietética ocorre incremento de 160 mg/kg MSI no NENDTOTAL. O N endógeno específico (NENDESPC) também foi utilizado como variável dependente na relação com FDT e FDN e o resultado foi descrito pelas equações y = 124 + 154,9 * FDT (r2= 0,69) e y = 210 + 146,9 * FDN (r2= 0,60). Verifica-se pelo coeficiente angular da regressão linear entre NENDESPEC e FDT ou FDN que ocorre incremento de 150 mg/kg MSI nas perdas endógenas de N por ponto percentual de aumento na fibra dietética. No que tange aos AA, a fibra influencia as perdas endógenas específicas de treonina e valina mais intensamente que os demais AA. Concluímos que as perdas endógenas de N e AA são diretamente proporcionais ao consumo de fibra e a FDT e FDN foram as variáveis que melhor descreveram essa relação. Para o experimento de digestibilidade, foram utilizados 24 suínos divididos em dois grupos experimentais: a) CT1 dieta controle, e b) FT dieta com 15% farelo de trigo, no primeiro experimento e, c) CT2 dieta controle, e d) CS dieta com 6% casca de soja, no segundo experimento. Percebeu-se que o nitrogênio retido (NRET) foi maior (15%) nos suínos ingerindo a dieta FT, embora a proporção de NRET expressa em relação ao N ingerido (NING) (50%) ou NABS (55,5%) foi semelhante (P>0,05) entre os tratamentos. A inclusão de CS não teve efeito (P>0,05) no NRET quando esse foi expresso em termos absolutos (g/d) ou proporcionais. Em média, o NRET representou 48 e 55,5% do NING e N absorvido (NABS), respectivamente. Analisando os dados conjuntamente, percebe-se que o FT promoveu aumento no NRET e que esse aumento foi proporcional ao NABS. Por outro lado, o N incorporado com a CS foi totalmente recuperado nas fezes, indicando baixa digestibilidade desse ingrediente. A eficiência de utilização do NABS não foi alterada com a inclusão dos alimentos fibrosos, o que indica que nos níveis estudados a inclusão de FT ou CS não impactou significativamente o metabolismo pós-absortivo do N, contrariando nossa hipótese inicial.