Impacto de tratamentos de cama aviária reutilizada na viabilidade e infectividade de micro-organismos
Resumo
A reutilização da cama aviária é uma prática comum na avicultura de corte. Porém, o reuso da cama requer a adoção de procedimentos eficientes na inativação e controle de micro-organismos indesejáveis no intervalo entre os lotes, para preservar a saúde avícola e a qualidade do alimento produzido. A preocupação com as questões sanitárias na avicultura engloba a saúde dos frangos e do consumidor. A produção está sujeita às emergências sanitárias e deve estar preparada para empregar medidas adequadas de contenção e controle. Além disso, os mercados consumidores internacionais demandam comprovação da eficiência dos métodos de tratamento para o reuso da cama entre lotes de frangos. A eficiência dos tratamentos de cama sobre os patógenos é variável e multifatorial e pode ser influenciada pelo método de tratamento e/ou pelos micro-organismos avaliados. Deste modo, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a eficiência de diferentes estratégias de tratamento da cama aviária sobre vírus da Doença de Newcastle (VDNC), vírus da Doença Infecciosa da Bursa (VDIB) e Salmonella Heidelberg. Enterobactérias totais foram analisadas como indicador da qualidade microbiológica da cama aviária. Inicialmente, a contaminação experimental pelos vírus aviários foi padronizada, comparando-se a excreção por aves inoculadas (seeder birds) versus a aspersão direta dos vírus na cama. Para avaliação dos tratamentos, cama aviária reutilizada foi contaminada com os três micro-organismos e submetida aos tratamentos (T): T1- fermentação plana; T2- cal virgem; T3- fermentação plana seguida de adição de cal virgem; T4- não tratado. A cama aviária foi submetida às análises bacteriológicas e físico-químicas durante o tratamento. Aves sentinelas foram alojadas sobre a cama tratada, sendo monitoradas por meio de avaliação clínica e análises microbiológicas, sorológicas e moleculares. Os resultados demonstraram que as seeder birds foram eficientes em estabelecer a contaminação viral da cama. O T1 foi superior na redução de enterobactérias totais na cama aviária. A avaliação das aves sentinelas indicou que ambos T1 e T3 inativaram VDIB na cama aviária. O T2 não foi eficiente sobre os micro-organismos avaliados e sua associação ao T1 (T3) não potencializou a ação do tratamento. O VDNC não sobreviveu na cama, independente do tratamento aplicado. S. Heidelberg permaneceu viável na cama de todos os tratamentos, sendo também detectada nas aves sentinelas. A atividade antimicrobiana dos T1 e T3 foi relacionada aos maiores teores de amônia presentes na cama aviária. Os resultados indicam que a fermentação plana é eficiente para o controle do VDIB e enterobactérias totais residuais na cama aviária reutilizada. Todavia, na presença de S. Heidelberg outras alternativas devem ser consideradas no controle deste agente de importância na saúde animal e pública.
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