Dialética das disputas: trabalho pedagógico a serviço da classe trabalhadora?
Resumo
O presente estudo insere-se na Linha de Pesquisa 2 - Práticas Escolares e Políticas Públicas do Programa de Pós- Graduação em Educação - foi construído a partir da (con)vivência no Kairós - Grupo de Pesquisas e Estudos sobre Trabalho, Educação e Políticas Públicas. A proposta surge da constatação que o aumento de programas que integram a Educação Profissional e a Educação Básica na modalidade EJA, na última década, traz o campo da Educação Profissional e da Educação de Jovens e Adultos - EJA para o debate educacional, e remete aos professores, gestores e pesquisadores a avaliar e construir diálogos sobre o trabalho pedagógico desenvolvido nestes Programas. Observa-se que tanto as políticas de EJA integradas à EP como o trabalho pedagógico desenvolvido na práxis dos cursos se efetivam em um contexto de dialética das disputas, entendida esta como as diferentes disputas – oposição e luta entre concepções e sentidos diferentes de trabalho pedagógico e disputas relativas ao lugar das políticas para os trabalhadores. Nesse processo, a pesquisa procurou responder a quais sentidos de trabalho, tecnologia e trabalho pedagógico se evidenciam no trabalho pedagógico e nas políticas de Educação Básica integradas à Educação Profissional na modalidade EJA dos Institutos Federais do RS e como contribuem para a configuração de um contexto de dialética das disputas. Como objetivo geral estabeleceu-se investigar, na perspectiva dialética, o(s) sentido(s) do trabalho, da tecnologia e do trabalho pedagógico nas políticas de Educação Básica integradas à Educação Profissional, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, nos Institutos Federais do RS e como contribuem para a configuração de um contexto de dialética das disputas em torno das políticas e do trabalho pedagógico, de 2005 a 2014. Para construir esta pesquisa organizou-se um referencial sobre Trabalho Pedagógico, sobre os sentidos dos conceitos de trabalho, tecnologia e classe trabalhadora, sobre o histórico das políticas de Educação Profissional Integrada à Educação Básica na modalidade EJA, a partir de 2005, mapeando como programas desenvolvidos, o PROEJA Médio, PROEJA FIC, CERTIFIC, PRONATEC EJA e sobre o envolvimento dos Institutos Federais do RS com tais políticas. Após esse panorama trabalhou-se com a hipótese de que os sentidos críticos do trabalho da tecnologia não estão evidenciados no trabalho pedagógico das políticas de EJA integradas à EP e as políticas não estão a serviço da classe trabalhadora, contribuindo para a configuração de um contexto de dialética das disputas. O estudo fundamentou-se no materialismo histórico dialético. A partir das categorias de conteúdo: disputas, sentidos do movimento dos cursos PROEJA RS, sentidos do trabalho pedagógico, sentidos das categorias trabalho e tecnologia, classe trabalhadora, tempo e trabalho pedagógico realizou-se a análise de conteúdo nos discursos produzidos na entrevista com os gestores, grupos focais com professores e equipes, grupos focais com estudantes e grupo de interlocução com professores participantes da pesquisa de seis câmpus dos IFs do RS, dois de cada Instituto. A investigação chegou ao entendimento de que os sentidos do trabalho e da tecnologia não estão evidenciados no trabalho pedagógico das realidades pesquisadas, salvo em uma realidade que se destacou pela efetivação do currículo integrado. Observou-se também que não há mecanismos de participação da classe trabalhadora nos IFs do RS e que são muitas as disputas mapeadas na prática, ficando o questionamento se as disputas são em torno do financiamento, ou se efetivamente são disputas de concepção e de gestão. Percebeu-se que este campo possui várias possibilidades de novos estudos e que o trabalho pedagógico e as reuniões constroem sentido para a política de EP integrada à EJA. Propõe-se, dessa forma, uma ampliação de pauta das políticas públicas educacionais, investimento em trabalho pedagógico. Este trabalho que possibilita ações, relações e transformações e que se configura no contexto da dialética das disputas em que os sentidos críticos e ingênuos de trabalho pedagógico, trabalho e tecnologia se movimentam e se instituem num processo inacabado. Portanto, considerando o sentido produtivo das disputas, acredita-se em uma gestão para o trabalho pedagógico, nas reuniões pedagógicas e no tempo necessário à formação integrada da classe trabalhadora.
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