Classes especiais: espaços pedagógicos especializados em tempos de inclusão escolar
Resumo
A presente pesquisa teve como objetivo principal conhecer os fatores que contribuem para a permanência das classes especiais, em um atual contexto de políticas de inclusão escolar. Pretendeu-se conhecer também as características dos alunos que frequentam as classes especiais, as práticas pedagógicas desenvolvidas nestes contextos e a forma como os professores, que atuam nestas turmas, compreendem estes espaços e os alunos que as frequentam. Como opção metodológica, a partir de alguns autores como: Passos; Kastrup e Escóssia (2012; 2014) foi utilizado o Método da Cartografia, proposto por Deleuze e Guattari (1995), o qual compreende as bases da filiação teórica desta investigação com o pensamento sistêmico. A pesquisa se desenvolveu em duas classes especiais de uma Escola da Rede Estadual de Ensino do município de Santa Maria /RS. Para a produção de dados foi realizada análise dos documentos dos alunos presentes na escola, observações no contexto das classes especiais e entrevista semiestruturada com as professoras que atuam nestas turmas. A compreensão dos aspectos teóricos e políticos das classes especiais esteve apoiada nas contribuições dos autores: Caiado e Torezan (1995), Ferreira (1994), Machado (1994), Kassar (1995), Omote (2000) e Uhmann (2014). Para compreender a problemática do diagnóstico clínico na escola, baseou-se em autores como Bridi (2011) e Moysés (2001). Como base teórica para análise dos dados produzidos, utilizou-se o pensamento sistêmico, a partir das contribuições de Maturana e Varela (2001), Maturana (2002), Pellanda (2009) e Vasconcellos (2013). A partir da aproximação com o contexto pesquisado, identificou-se que todos os alunos que frequentam as duas classes especiais possuem diagnóstico clínico emitido por médicos de diferentes especialidades. A idade destes alunos é muito variável, entre nove (9) e dezessete (17) anos. Quanto ao percurso escolar dos alunos, alguns iniciaram seu percurso escolar no contexto das classes especiais e outros vieram transferidos do ensino regular, muitos destes após um histórico de reprovação e fracasso escolar. Em relação às práticas pedagógicas desenvolvidas nas duas turmas observou-se que estas são pouco desafiadoras. No decorrer das aulas há uma grande parcela de tempo destinado “atividades livres”, demonstrando uma fragilidade no planejamento pedagógico frente a propostas mais sistematizadas. Referente a forma como os professores compreendem as classes especiais e os alunos que as frequentam, observou-se que há uma visão reducionista das capacidades dos sujeitos, acreditando que estes necessitam das classes especiais, as quais trabalham valorizando as diversidades dos alunos. Com base no pensamento sistêmico, acredita-se que estes fatores funcionam como potentes dispositivos na permanência dos alunos em classes especiais, consequentemente, colaborando para a permanência destes espaços pedagógicos em tempos histórico e político de inclusão escolar.
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