Medicalização da vida: a compreensão da promotoria de justiça de Santa Maria sobre o processo que leva a medicalização na infância
Resumen
Atualmente assistimos a uma anulação do discurso do sujeito pela constante necessidade de
estabelecer uma verdade sobre ele, verdade na qual seja possível estabelecer uma relação de
“normalidade”, criando categorias, identidades e classificações, através de um número
excessivo de diagnósticos para comportamentos que muitas vezes dizem do cotidiano do
sujeito. Colocando a questão da medicalização como um ponto central na busca por uma
classificação daquilo que foge ao padrão normal imposto pela modernidade. A necessidade de
se aprimorar ações e ferramentas de intervenção, preservando a ideia de que cada indivíduo
deve ser protagonista de sua vida e saúde e estreitando a relação entre a Saúde e Educação por
meio de articulações intersetorias nos territórios, tornam-se elementos indispensáveis para se
repensar o que este processo de medicalização provoca no campo político e social visando seu
redirecionamento. Assim, para uma melhor compreensão a pesquisa foi realizada na
Promotoria de Justiça, com os promotores responsáveis pelas promotorias de Educação e
Promotoria da Infância e Juventude, busca compreender o processo que leva a medicalização
de crianças e adolescentes, acompanhadas em um CAPSi. Trata-se de uma pesquisa
qualitativa, utilizando a metodologia hermenêutica como referencial teórico, onde foi
utilizado como instrumento para coleta de dados a realização de entrevistas individuais com
os profissionais da promotoria. Os resultados apontam que a fragmentação da Rede de Saúde
Mental infantil e o não fortalecimento com outros serviços que compõem a rede de cuidado da
infância, e um dos principais fatores que levam a desarticulação dos serviços entre si,
ocasionando práticas profissionais fragmentadas. É essa tendência fragmentadora do cuidado
que vem estimulando a medicalização da infância e dificultando a integralidade do cuidado,
pois a falta de ações preventivas e de serviços articulados, vem enfraquecendo o “olhar” sobre
a saúde mental na infância e potencializando a medicalização.
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