A inserção da agricultura familiar nas feiras livres de Diamantina - MG
Resumo
As reflexões que fazem parte deste trabalho são fruto do estudo de caso realizado
de 2015 a 2017, com os feirantes das feiras livres de Diamantina, Minas Gerais. A
pesquisa apoiou-se na abordagem qualitativa dos elementos das feiras, e se
desenvolveu em três fases: a) construção do referencial teórico; b) coleta de dados
por saturação através de entrevistas semiestruturadas e consulta a dados
secundários e, c) na interpretação dos dados obtidos e escrita do trabalho
propriamente dito. O objetivo central busca analisar as feiras livres da cidade de
Diamantina, Minas Gerais identificando os agentes envolvidos na consolidação
desses canais curtos de comercialização e investigar em que medida as feiras livres
são alternativas viáveis de comercialização para a agricultura familiar da região.
Através desse objetivo esperamos responder, principalmente, quais são as
dificuldades encontradas pelos agricultores familiares no acesso e na permanência
nas feiras livres do município de Diamantina, Minas Gerais. Diamantina, por séculos
teve sua economia baseada na extração de minério, ouro e diamantes, esta
condição contribuiu para que outros setores da economia fossem deixados de lado,
como ocorreu com a agricultura familiar e os canais de escoamento da produção
desses agricultores. A existência do comércio informal, caracterizado pela feira livre
em Diamantina não é recente, e deriva desde o período dos tropeiros, no entanto, a
comercialização com o foco na produção da agricultura familiar do município, sim. As
feiras são locais de trocas econômicas e possuem importância social e cultural na
medida em que estar na feira acontece por vários motivos, inclusive pela expressão
e reprodução mais forte da tradição do município. Contudo, com o surgimento da
última feira, a Feira Livre do Largo Dom João, alguns elementos relacionados ao
acesso e permanência ficaram em evidência, representando as maiores dificuldades
para os agricultores feirantes. Observou-se que a concorrência com atravessadores
e intermediários, o transporte dispendioso e estradas precárias, a falta de unidade
entre os feirantes representada pela inercia das associações no fortalecimento e
busca de alternativas frente às dificuldades encontradas, além do pouco acesso
pelos consumidores a estes canais, são as principais causas de desistência na
comercialização nas feiras. Verificou-se também, que as sociabilidades
proporcionadas pela feira possui importância mais significativa para os feirantes
aposentados ou assalariados, sendo a feira apenas um complemento da renda
familiar.
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