Resistência antimicrobiana de Staphylococcus spp. isolados de vacas leiteiras da região sul do Brasil
Resumo
A mastite bovina é a enfermidade infecto-contagiosa de maior importância na exploração leiteira devido a sua alta ocorrência e às perdas econômicas, além do potencial risco à saúde pública. A mesma caracteriza-se por um processo inflamatório da glândula mamária cuja apresentação pode variar conforme a etiologia e o grau de severidade da doença, sendo a forma subclínica, de maior ocorrência em rebanhos. Infecções intramamárias de origem bacteriana representam a principal causa da doença, sendo que bactérias do gênero Staphylococcus respondem pela maioria dos casos subclínicos. O tratamento da enfermidade é predominantemente baseado na utilização de antimicrobianos; no entanto, a resistência destes patógenos aos fármacos comumente utilizados na rotina clínica tem sido um grande entrave no sucesso das terapias empregadas. Este trabalho objetivou analisar o perfil de resistência antimicrobiana de 2.430 isolados de Staphylococcus spp. oriundos de amostras de leite de vacas com mastite durante o período de 1992 a 2011, além de verificar possíveis tendências ou mudanças no comportamento destes patógenos frente aos principais antimicrobianos utilizados no tratamento da enfermidade ao longo do tempo. Do total, 729 isolados (30%) mostraram-se sensíveis a todos os antimicrobianos testados. De maneira geral, ocorreu uma redução do percentual de resistência da primeira década do período estudado (29,2%) em relação à segunda (17,1%) (P<0,0004). As maiores taxas de resistência (P<0,0001) foram observadas para a classe dos betalactâmicos (34,3%), com exceção da cefalexina (6,9%), e das tetraciclinas (28%). Frente aos demais fármacos (norfloxacina, sulfazotrim, gentamicina e neomicina) os isolados apresentaram médias de resistência entre 7,6% e 15,7%. A partir da análise de regressão da resistência dos isolados frente aos antimicrobianos, em função dos 20 anos, observou-se redução da resistência para penicilina e ampicilina ao longo do período. Todavia para a oxacilina e a neomicina houve um decréscimo da resistência dos micro-organismos testados durante a primeira década, entretanto ocorreu um aumento no segundo período. Em relação ao sulfazotrim, foi verificada uma tendência à diminuição da resistência dos isolados ao passo que, para os demais antimicrobianos, nenhum comportamento foi destacado. Os resultados não indicaram tendência de aumento da resistência dos isolados de Staphylococcus spp. oriundos de casos de mastite bovina para a maioria dos antimicrobianos testados, reforçando a importância do monitoramento dos padrões de resistência destes patógenos, a fim de que estes fármacos sejam preservados garantindo uma reserva terapêutica.