Efeito da competição no incremento em área transversal de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze em floresta ombrófila mista, no Sul do Brasil
Resumo
A competição é, por vezes, considerada o fator mais importante na variação das taxas de crescimento de árvores em florestas. Diante disso, objetivou-se descrever a competição as-simétrica e o incremento periódico anual em área transversal de árvores de Araucaria angus-tifolia (Bertol.) Kuntze em Floresta Ombrófila Mista. Os dados utilizados foram provenientes do projeto PELD – “Conservação e Manejo Sustentável de Ecossistemas Florestais”– FLONA de São Francisco de Paula, RS e da FLONA de Irati, para o último, os dados foram utilizados apenas para comprar a distribuição do incremento periódico anual em área transversal (IPAg) com o índice de Johann. Inicialmente, realizou-se uma análise dos dados e, quando necessá-rio para as correções de medições de diâmetro fora do padrão da série, foi aplicada a média ou a regressão linear a partir dos Mínimos Quadrados Ordinários, Regressão Quantílica e Robusta. Foi realizada uma amostragem das dimensões da copa de A. angustifolia crescendo no interior da floresta que forneceu informações sobre a forma da copa em projeção horizon-tal, vertical, da distância entre pseudo-verticilos, porcentagem de folhas verdes, posição soci-ológica e dimensão da copa. A seleção de árvores competidoras pelo conceito de Bella e pelo Fator de Área Basal (1 e 4) e os índices competição de Hegyi, BAL e Johann com simulações de soma, média e o máximo valor de “A” para competição intra e interespecífica, respectiva-mente, entre araucárias, latifoliadas e total. Também foram avaliadas três modificações (MOD) no índice de Johann com a inclusão da altura da árvore competidora. A construção do modelo de IPAg empregou variáveis dendrométrias, o índice de Johann e suas transforma-ções (1/x, ln x) pelo procedimento “STEPWISE”. Os modelos lineares generalizados (MLG) foram utilizados, já houve a necessidade de transformação logarítmica na variável IPAg (dis-tribuição NORMAL e função de ligação logarítmica). A fim de melhor as estimativas do modelo foram selecionadas variáveis de copa pela correlação de Pearson e Kendall, análise de com-ponentes principais e agrupamento. A verificação do ajuste e precisão do modelo foi baseada no coeficiente de determinação ajustado (R²aj), no erro padrão da estimativa (Sxy), nos crité-rios AIC e BIC e na distribuição gráfica dos resíduos. Os resultados mostraram que na FLONA-SFP, RS as competições intra e interespecíficas avaliadas juntas possuem maior correlação com as taxas de crescimento de A. angustifolia e explicam melhor as variações dos incremen-tos das árvores. Os índices de competição testados, exceto BAL, e MOD1 e MOD2 apresen-tam mesma distribuição em função do IPAg, a medida que aumenta a competição diminui o IPAg, mas árvores com mesmo valor de competição apresentaram IPAg baixo e alto. A ela-boração do modelo de IPAg com o índice de competição de Johann, não conseguiu descrever a variabilidade encontrada na floresta (R²aj.=13,7%, Sxy=18,4, AIC=1.284,4 e BIC=1.295,6), sendo necessária a inclusão das variáveis explicativas de copa FV, PS e FORMA para me-lhorar o ajuste e precisão do modelo (R²aj.=44,0%, Sxy=8,18, AIC=336,9 e BIC= 348,8). Foi constatado que dois componentes principais são suficientes para explicar a variação total dos dados (68,2%) e utilizados na separação de dois grupos de árvores, o primeiro com as domi-nantes e codominantes, e o segundo com as dominadas. Constatou-se que a redução na dimensão das copas era sempre mais severa quanto maior e mais próximo localizava-se o competidor e que esta ocorria tanto lateralmente quanto de baixo para cima. Esse fato explica a heterogeneidade dos incrementos encontrados em árvores de mesmo diâmetro, altura e nível de competição quando descritas pelos índices testados. Assim, o IPAg é melhor esti-mado quando o modelo de regressão contenha variáveis descritoras da copa.
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