Redes de cuidado: um desafio na atenção a usuários de álcool e outras drogas
Abstract
Compreender como se articulam os serviços de saúde mental, em especial rede álcool e outras drogas, junto a profissionais do território das Estratégias de Saúde da Família constitui-se um importante sinalizador para a atenção à saúde mental e à Reforma Psiquiátrica Brasileira. Este estudo trata de uma pesquisa qualitativa com método descritivo-exploratório, na qual a coleta de dados ocorreu por meio de grupo focal com dez profissionais de uma Estratégia de Saúde da Família de Santa Maria- Rio Grande do Sul, em 2011. Os dados foram analisados pela Análise de Conteúdo Temática proposta por Minayo (2010). Os resultados evidenciaram que a desarticulação dos serviços de saúde mental é um fator limitante à composição de uma rede de cuidado, bem como ao acesso pelos usuários. As barreiras para o acesso dos usuários são determinadas pela dificuldade de acolhimento nos serviços de saúde e reprodução do modelo hegemônico que prioriza os encaminhamentos aos serviços especializados. Ademais, a insuficiente qualificação para o trabalho em rede de cuidado sinaliza limitações para atuar conforme os pressupostos e diretrizes da atual Política Nacional sobre Drogas, apontando para a necessidade de apoio matricial em saúde mental. Destaca-se com este estudo a urgência de repensar as práticas de cuidado de modo a (re)organizar a maneira como os serviços se estruturam, a fim de compor uma rede de cuidado em saúde mental.