Perfil populacional e sanitário de cães e gatos associado ao perfil socioeconômico dos proprietários em áreas assistidas por estratégias de saúde da família
Resumo
Aproximadamente 60% dos domicílios brasileiros possuem, ao menos, um animal de estimação, o que representa 52 e 17 milhões de cães e gatos domiciliados, respectivamente. A crescente aquisição de pets como animais de companhia, aliada ao fato de conviverem com seus tutores nos domicílios e frequentarem áreas públicas, aumenta o número de pessoas expostas ao risco de contrair infecções zoonóticas. O conhecimento acerca da presença, número e hábitos dos animais, assim como, os cuidados que são dispensados a eles são fundamentais para o planejamento de estratégias de profilaxia para prevenir ou minimizar infecções zoonóticas. Este estudo teve por objetivo realizar uma análise situacional de áreas assistidas por Estratégias de Saúde da Família (ESF) no município de Santa Maria, RS. Estimou-se o perfil populacional e sanitário dos cães e gatos das residências, associado ao perfil socioeconômico do entrevistado. A metodologia utilizada foi o emprego de questionários, em um estudo transversal de base populacional. Para determinar o número de residências participantes da pesquisa foi realizada uma amostragem estratificada aleatória, conforme o número de famílias que estavam registradas no Cadastro Domiciliar Analítico de cada ESF. Os resultados apresentados são os primeiros descritos na literatura com relação aos animais de companhia em área de ESF no Brasil. Foram investigadas 414 residências, sendo que 85,5% dos entrevistados declararam ter animais, destes 55,6% possuíam somente cães, 6% somente gatos e 38,4% cães e gatos. O número médio de animais por residência foi de 3 (2,2 cão e 0,8 gato) e o de moradores foi de 3,3; com a proporção de 1 homem para cada 0,9 animal, a proporção apresentada no estudo foi a maior já descrita na literatura nacional e internacional. Não houve associação significativa entre a quantidade de animais (cão e/ou gato) e a família ter, em sua composição, crianças ou idosos. A escolaridade do entrevistado e a renda da família não estavam associadas à quantidade de animais. No entanto, estiveram associadas a esterilização, ao acompanhamento veterinário, à vacinação, ao tratamento endoparasiticida e ao tratamento para ectoparasitas dos cães e gatos. Os resultados deste estudo demonstraram a necessidade de adoção de políticas públicas em saúde e educação que orientem a população sobre a guarda responsável de animais, a importância do controle populacional e os riscos de zoonoses. Além disso, a pesquisa reforça a necessidade da inclusão do médico veterinário na atenção básica em saúde, por meio do Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), a fim de promover a saúde humana e animal, no contexto da saúde única.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: