Absenteísmo-doença em trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário: estudo de métodos mistos
Abstract
O objetivo da pesquisa foi analisar o absenteísmo-doença e suas associações com as características sociolaborais dos trabalhadores de enfermagem e as interfaces com o contexto de trabalho em um hospital universitário. Desenvolveu-se um estudo misto, com desenho sequencial explanatório. A investigação foi realizada no período de novembro de 2016 a junho de 2017. Na primeira etapa (quantitativa), utilizou-se um desenho transversal retrospectivo, com fonte de dados documentais. Incluíram-se todos os episódios de absenteísmo-doença dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem com atuação no hospital, atestados por médico ou odontólogo, com início no ano de 2016. Excluíram-se os demais tipos de absenteísmo e os afastamentos sem código de doença atribuído. Na segunda etapa (qualitativa), empregou-se um desenho qualitativo e foram realizadas 20 entrevistas. Os critérios de seleção foram: trabalhadores com, pelo menos, um afastamento incluído na primeira etapa; com duração igual ou superior a 14 dias e justificado por doença mental ou osteomuscular; e que estivessem em atividade laboral no período de realização das entrevistas. Na primeira etapa, utilizou-se um formulário para a caracterização do absenteísmo-doença. Empregou-se a análise estatística descritiva e analítica para os dados quantitativos, considerando estatisticamente significativo p< 0,05. Os dados qualitativos foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas, submetidas à análise temática. A combinação dos métodos ocorreu a partir da conexão entre as etapas da pesquisa e da integração dos resultados e discussão. O estudo foi submetido à apreciação ética com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética número 58956116.5.0000.5346. Foram registrados 1.744 episódios de absenteísmo-doença e 18.536 dias de afastamento dos trabalhadores de enfermagem no ano considerado. As doenças mentais (16,0%; n=278), do aparelho respiratório (15,2%; n=265) e osteomusculares (12,5%; n= 217) foram as principais causas de afastamento. Em relação ao número de dias de absenteísmo, as doenças mentais contabilizaram 6.692 (36,1%) dias, seguidas das osteomusculares (2.286 dias; 12,3%). As doenças mentais se associaram ao regime de contratação estatutário (p= 0,001), sexo feminino (p=0,009), cargo auxiliar de enfermagem (p<0,001), duração≥ 14 dias (p<0,001), idade≥ 41 anos (p<0,001), tempo de contratação≥ 9 anos (p<0,001). Houve associação entre as doenças osteomusculares e afastamentos de 3 a 13 dias (p=0,010), sexo masculino (p<0,001), cargo de técnico em enfermagem (p<0,001), tempo de contração entre 9 e 13 anos (p=0,002), turno noturno (p=0,026), a três afastamentos do trabalhador no ano (p=0,010). Identificaram-se interfaces entre o absenteísmo-doença e o contexto de trabalho da enfermagem e os afastamentos se relacionaram à organização do trabalho, às condições laborais inadequadas e ao comprometimento das relações socioprofissionais. Defendeu-se a tese de que o absenteísmo-doença encontra-se associado a características sociolaborais dos trabalhadores de enfermagem e possui interfaces com o contexto de trabalho.
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