Síndrome de Burnout e engajamento no trabalho: percepção dos servidores de uma instituição pública de ensino
Resumo
A Síndrome de Burnout é o esgotamento físico e mental que leva o trabalhador ao adoecimento. Em contrapartida, o Engajamento no Trabalho é um estado emocional positivo, de energia, entusiasmo e prazer em relação ao trabalho. Nesta perspectiva, parte-se do pressuposto que estes dois estados podem estar sendo vivenciados e percebidos de maneiras diferentes pelos servidores da Universidade Federal de Santa Maria. Em razão disso, esse estudo tem como objetivo analisar a percepção dos servidores de uma instituição pública de ensino em relação às dimensões da Síndrome de Burnout e aspectos do Engajamento no Trabalho. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa e quantitativa, com levantamento (Survey), ao total de 1.511 servidores respondentes. Aplicaram-se aos mesmos, o protocolo de pesquisa constituído em três partes: dados sócio demográficos e sócio profissionais, escala de Síndrome de Burnout (MBI-GS) de Tamayo (2002) e escala de Engajamento no Trabalho (UWES), de Angst, Benevides-Pereira e Porto-Martins (2009). A análise dos dados foi realizada por meio de estatísticas descritivas, padronização das escalas, correlação de Pearson, análise de correspondência e análise de conteúdo. No que tange a caracterização geral do perfil da amostra, é predominantemente constituída do gênero feminino (55,33%), com idade entre 31 a 40 anos (33,62%) e escolaridade em nível de doutorado (32,36%). Dentre eles, (63,20%) são Técnicos Administrativos em Educação e (36,80%) são Docentes que possuem até 10 anos de tempo de serviço (58,84%), não possuem função de chefia (78,09%), trabalham 40 horas semanais (66,58%), não tiraram férias nos últimos 60 dias (80,87%) e que afirmam gostar do trabalho que exercem (92,72%). Ao analisar a confiabilidade das escalas, encontrou-se α de 0,717 para a escala MBI-GS, considerado um índice aceitável e α de 0,948 para a escala UWES, sendo este um ótimo índice. Na identificação da possível incidência da Síndrome de Burnout e Engajamento no Trabalho nos Servidores, encontram-se índices médios de (2,96) para a dimensão Exaustão Emocional, (2,25) para Despersonalização e (5,01) para Envolvimento Pessoal no Trabalho, no qual este último corrobora para os altos índices médios encontrados nos aspectos do Engajamento no Trabalho que foram de (4,57) para Vigor, (4,63) para Dedicação e (4,41) para Absorção. Por meio do teste de correlação paramétrico de Pearson, investigou-se a relação entre o Engajamento no Trabalho (VI, DE e AB) e a Síndrome de Burnout (EE, DP e EPT), onde foram encontradas correlações fortes e positivas para todos os aspectos do Engajamento no Trabalho (VI; r= 0,9472), (DE; r= 0,9454) e (AB; r= 0,9341). Para as dimensões da Síndrome de Burnout, encontraram-se correlação forte e positiva para (EE; r= 0,8807) e correlação moderada e negativa para (DP; r= 0,5823), já a dimensão (EPT; r = -0,0372) apresentou uma correlação não significativa, ou seja, nula, indicando que essa dimensão não contribui para a formação da Síndrome de Burnout nos servidores pesquisados. Quanto à associação entre o Engajamento no Trabalho e as dimensões da Síndrome de Burnout encontraram-se respectivamente: (EE; r = -0,4632) moderada e negativa, (DP; r = -0,5986) moderada e negativa e (EPT; r = 0,7076) forte e positiva. Deste modo, tendo em vista que a associação do EPT atingiu correlação forte e positiva, as associações dessa dimensão com os aspectos do Engajamento no Trabalho (EPT e VI; r = 0,6933), (EPT e DE; r = 0,6973) e (EPT e AB; r = 0,6161) também são consideradas fortes e positivas, indicando que essa dimensão tem forte ligação com os aspectos Vigor, Dedicação e Absorção dos servidores e com o próprio Engajamento no Trabalho (r = 0,7076). Diante disso, percebe-se a contribuição desta dimensão EPT na escala de UWES, sugerindo-se a elaboração de uma nova escala de Engajamento no Trabalho que inclua esta dimensão. A análise de correspondência constou que existe associação para a MÉDIA Síndrome de Burnout e ALTO Engajamento no Trabalho, assim como ALTA Síndrome de Burnout para MÉDIO Engajamento no trabalho, indicando que quanto mais engajados os servidores estiverem, menos será a predisposição ao desenvolvimento da Síndrome. Por fim, por meio da análise de conteúdo das percepções dos servidores que afirmaram não gostar de seus trabalhos na UFSM, constatou-se que as principais razões estão relacionadas à formação acadêmica, ao setor, cargo e/ou funções, bem como a questões burocráticas da Instituição.
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