Os indesejáveis da fumaça castelhana: as fronteiras imaginárias entre Brasil e Uruguai a partir dos discursos do site Veja online sobre a legalização da maconha
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2018-04-02Metadatos
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A partir da legalização da maconha no Uruguai, que entrou em vigor em 2014, o presente trabalho analisa relações fronteiriças com o Brasil. Analisa-se em que medida as representações dos estrangeiros uruguaios no Brasil, após a legalização da maconha, podem ter refletido nas relações sociais e de poder, bem como sobre as práticas sociais e a mentalidade difundida no Brasil acerca do assunto através de mídias digitais. O corpus utilizado para análise de discurso em mídia digital foi o Site Veja Online. Em tal análise, também é utilizada a categoria dos empreendedores morais, de Becker, que rotula grupos de hábitos diferentes, a partir da interação social, a qual é atribuída aos emissores dos discursos do Site Veja Online, sendo o grupo estigmatizado a categoria de outsiders. Os estrangeiros uruguaios, portanto, são categorizados como desviantes por suas práticas sociais e culturas distintas da hegemônica, por isso outsiders. Assim, somado ao fato de ser estrangeiro, o uruguaio consumidor e cultivador de maconha entra na categoria de indesejável dentro do Estado nacional brasileiro, que trata através de lei tais condutas como criminosas. Nesse contexto, os reflexos das interações sociais pelas possíveis rotulações dos uruguaios são estudados no plano político e jurídico das fronteiras. Ademais, são analisados o Decreto 9.089/2017 e o Decreto 9.096/2017, que internalizam ao ordenamento jurídico brasileiro acordos bilaterais entre Brasil e Uruguai acerca de segurança em suas fronteiras e circulação de pessoas entre os dois países. O método de abordagem utilizado é o dialético. Em que a tese é a política brasileira proibicionista de drogas e da securitização de fronteiras. A antítese, por sua vez, é a legalização da maconha no Uruguai e as reações da política brasileira acerca disso. A síntese possível é a de que as representações nas mídias digitais a partir da legalização da maconha podem criar ou reforçar o estigma sobre o estrangeiro, influenciando nas políticas nacionais de controle de fronteiras. Por fim, a percepção do consumo e cultivo da maconha como hábito uruguaio a desafiar a interculturalidade e a convivência de diferentes grupos dentro da América Latina. A proposição da proteção de seus direitos culturais, no sentido de não serem criminalizados por seus hábitos.
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