Morbimortalidade em esofagectomias: estudo retrospectivo comparativo entre duas técnicas de analgesia pós-operatória
Resumo
Apesar do desenvolvimento das técnicas de anestesia e analgesia, a dor ainda é um problema frequente. A dor aguda, no contexto pós-operatório, pode causar contratura muscular reflexa, imobilidade, restrição da mecânica ventilatória, acúmulo de secreções respiratórias, atelectasia e pneumonia. Além disso, a presença de dor prolonga a resposta ao estresse cirúrgico, o que inclui ativação inflamatória e endócrino-metabólica, promovendo catabolismo, hipercoagulabilidade e disfunção orgânica pós-operatória. A influência da técnica de analgesia sobre esses eventos tem sido extensamente estudada. A analgesia peridural é a técnica com maior potencial para redução de complicações pós-operatórias em cirurgias de andar superior de abdome e tórax e tem sido, de fato, a mais investigada. No Hospital Universitário de Santa Maria, assim como na literatura, analgesia peridural torácica (APDT) é a técnica padrão na abordagem da dor pós-operatória em esofagectomia. Entretanto, a incidência de complicações clínicas pós-operatórias e a mortalidade precoce são desconhecidas. Foi realizado, então, um estudo observacional, analítico e retrospectivo, que comparou analgesia peridural torácica com analgesia intravenosa, tendo como hipótese a influência da APDT na redução de desfechos como pneumonia, deiscência de sutura e mortalidade. Foram revisados 211 prontuários, dos quais 203 forneceram dados suficientes para análise. Os pacientes foram comparáveis em relação a todas as características clínicas e demográficas consideradas. Cento e oitenta e três pacientes receberam APDT (grupo 1), nos quais a incidência de pneumonia (n=41; 22,4%) e deiscência de suturas (n=27; 14,8%) foi significativamente inferior (p<0,001) em relação ao grupo que recebeu analgesia intravenosa (grupo 2, n=20). Não houve diferença significativa, entre os grupos, quanto aos demais desfechos clínicos estudados. Apesar do número reduzido de pacientes no estudo, pode-se constatar que houve menor incidência de pneumonia e deiscência de suturas relacionada ao uso de APDT.
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