A generalização obtida a partir do tratamento com os róticos em dois modelos de terapia fonoaudiológica para crianças com desvio fonológico
Resumo
Sabe-se que a meta principal de qualquer terapia fonológica é que ocorra generalização, já que a
mesma permite que um som trabalhado seja usado corretamente em outros contextos ou ambientes
não treinados, diminuindo, assim, o tempo de tratamento de uma criança com desvio fonológico.
Portanto, este estudo teve como objetivo verificar os aspectos estruturais da generalização obtida por
quatro sujeitos com desvio fonológico submetidos ao tratamento com os róticos em dois modelos de
terapia fonológica: Modelo “ABAB - Retirada e Provas Múltiplas”, proposto por Tyler & Figurski
(1994); e Modelo de Oposições Máximas, proposto por Gierut (1992). Os sujeitos selecionados,
quatro crianças do sexo masculino com idades entre 4:0 e 6:4, fazem parte do banco de dados do
Centro de Estudos de Linguagem e Fala (CELF) e foram tratados com um dos róticos /r/ ou /R/ no
primeiro ciclo de tratamento. O diagnóstico de desvio fonológico foi determinado pelas avaliações
fonoaudiológica, fonológica e complementares. A análise dos dados da fala baseou-se na Avaliação
Fonológica da Criança (YAVAS, HERNANDORENA & LAMPRECHT, 1990) e foi aplicada no início do
tratamento. O tratamento usado foi o Modelo “ABAB-Retirada e Provas Múltiplas” (TYLER &
FIGURSKI, 1994) ou o Modelo de Oposições Máximas (GIERUT, 1992). Através da verificação do
Inventário Fonético, do Sistema Fonológico e dos Traços Distintivos Alterados de cada sujeito no pré
e pós-tratamento, os seguintes aspectos estruturais da generalização foram observados:
generalização a itens não utilizados no tratamento, para outra posição na palavra, dentro de uma
classe de sons, para outras classes de sons e baseada nas relações implicacionais. Com a análise
dos resultados, verificou-se que a generalização dentro de uma classe de sons foi obtida por três dos
sujeitos pesquisados, sendo que o único sujeito a não apresentar esse tipo de generalização foi
aquele tratado pelo Modelo de Oposições Máximas Modificado com o par /R/ x /l/. Além disso, a
generalização para outras classes de sons ocorreu em dois sujeitos da pesquisa. No entanto, os
outros dois sujeitos pesquisados não apresentaram este tipo de generalização, sendo que cada um
deles foi tratado por um dos modelos enfocados nesta pesquisa, e, também, com róticos diferentes.
Já a generalização baseada nas relações implicacionais não ocorreu apenas para o sujeito tratado
pelo Modelo “ABAB-Retirada e Provas Múltiplas” com o rótico /R/. Já os outros três sujeitos
apresentaram essa generalização, na maioria das vezes concordando com o MICT (MOTA, 1996),
apenas com exceções referentes à ordem de aquisição das líquidas. Por fim, o Modelo de Oposições
Máximas Modificado levou ao maior número de aquisições pós-tratamento, podendo ser justificado
pelo fato que foram contrastados dois fonemas novos havendo possibilidade de, além do rótico do
par, o outro som-alvo levar a generalizações.
Coleções
- Fonoaudiologia [46]