Erva-mate (Ilex paraguariensis) e saúde: um estudo no metabolismo ósseo e sistema cardiovascular em mulheres pós-menopausa
Resumo
A menopausa é um evento caracterizado pela cessação completa dos ciclos menstruais como
consequência da redução importante dos níveis séricos de estrogênio, o que leva ao aumento de
doenças crônicas (osteoporose, doenças coronarianas, hipertensão arterial sistêmica e diabete
mellitus) e maior mortalidade. O desequilíbrio do estresse oxidativo, provocado pela diminuição do
estrogênio, é um dos processos que explicam essas alterações presentes na mulher pós-menopausa.
A erva-mate (Ilex paraguariensis) é uma árvore nativa do sul da América Latina possui propriedades
antioxidante, hipocolesterolêmica, hipoglicemiante e vasodilatadora, relacionadas ao conteúdo
fenólico. Recentemente, estudos em animais e humanos evidenciam efeito da erva-mate no osso,
com aumento da densidade mineral óssea. Existem poucas evidencias sobre o consumo da ervamate
em relação às fraturas osteoporóticas e doenças cardiovasculares em mulheres pósmenopausa.
Este trabalho estuda o efeito do consumo da erva-mate, consumido na forma de
chimarrão, sobre os marcadores do metabolismo ósseo (P1NP e CTX), as fraturas osteoporóticas, as
doenças cardiovasculares e seus fatores de risco, além do estresse oxidativo nas mulheres pósmenopausa.
Trata-se de um estudo caso-controle aninhado ao estudo de coorte: Obesidade e
Fraturas Ósseas, realizado nas Unidades Básicas de Saúde, do município de Santa Maria, Rio
Grande do Sul, com mulheres pós-menopausa acima de 55 anos. De um total de 1057 mulheres
incluídas, identificou-se 118 (11,6%) fraturas osteoporóticas e 46 fraturas confirmadas foram
sorteadas para avaliação. O grupo controle constitui-se de 49 mulheres sem fratura. As participantes
preencheram questionário sobre o consumo de chimarrão. Medidas antopométricas foram realizadas,
além de dosagens séricas dos marcadores do metabolismo ósseo (P1NP e CTX), homesostase do
cálcio (Ca, F, PTH e Vitamina D), estresse oxidativo (FRAP, AOPP e NOx),e dosagens de lipídeos e
glicose. Análise estatística: foram utilizados Qui-quadrado, exato de Fischer, teste t Student e
regressão logística, com p<0,05. Não houve diferença significativa quanto às fraturas e alterações
nos níveis séricos de CTX, P1NP, FRAP, AOPP, colesterol total, LDL, HDL e triglicerídeos.
Entretanto, o óxido nítrico foi significativamente elevado nas mulheres com consumo de 1 litro ou
mais de chimarrão e as que consumiam por mais de dez anos. Em uma análise de regressão
logística, as fraturas osteoporóticas somente foram associadas com a idade das mulheres. As
mulheres que consumiram 1litro ou mais de chimarrão ao dia tiveram significativamente menos
diagnósticos de doença coronariana, hipertensão arterial e dislipidemia, assim como os níveis séricos
de glicose significativamente menores quando comparados àquelas com nenhum consumo ou menos
que um litro ao dia. Conclui-se que a erva-mate tem um efeito neutro sobre as fraturas
osteoporóticas, sem alterar os parâmetros do metabolismo ósseo e o estresse oxidativo. É o primeiro
relato sobre a redução dos diagnósticos de doenças cardiovasculares confirmando os benefícios do
consumo da erva-mate sobre o sistema cardiovascular.
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