Azotemia em felinos: prevalência, graduação e correlação clínica em 1188 casos (2009 - 2017)
Fecha
2018-08-08Metadatos
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A azotemia é a elevação sanguínea dos compostos nitrogenados em decorrência de alterações pré-renais, renais ou pós-renais. O parâmetro bioquímico mais utilizado para mensurar a azotemia é a concentração sérica de creatinina, cuja elevação acima dos valores de referência indica comprometimento na função excretora renal. A redução do fluxo sanguíneo renal, alterações no parênquima renal ou na excreção de urina têm como consequência a azotemia, que, de acordo com o tempo e o grau, irão desencadear várias alterações sistêmicas denominadas síndrome urêmica. O objetivo do presente trabalho foi verificar a prevalência do aumento dos valores séricos de creatinina em felinos atendidos em um hospital veterinário do interior do RS no período de 2009 a 2017, quantificar e correlacionar com as prováveis causas. O estudo foi retrospectivo e foram utilizadas informações contidas nas fichas clínicas e nos exames laboratoriais. O grau de azotemia foi classificado de acordo com os valores de creatinina sérica conforme a Sociedade Internacional de Interesse Renal (IRIS), de 1,6 mg/dl a 2,8 mg/dl, como leve, de 2,9 mg/dl a 5 mg/dl, moderado e acima de 5 mg/dl, intenso. Foi realizada análise estatística para correlacionar as variáveis, e utilizou-se o teste de Fisher e do Qui-quadrado com os programas BioStat e software livre. Foram avaliadas 5923 fichas das quais 1188 (20%) apresentaram registro de azotemia. Destes pacientes, 669 eram machos (58%), 447 fêmeas (38%), 14% tinham idade de 0 a 11 meses, 47%, de 1 a 5 anos, 23% de 6 a 10 anos e 16% acima de 10 anos e 4% não informado. Os diagnósticos mais frequentes foram doença do trato urinário inferior dos felinos (DTUIF), doença renal crônica (DRC), neoplasias, traumas e fraturas, complexo respiratório felino, lipidose hepática, gastrite, intoxicação, pancreatite, hipertireoidismo, colangiohepatite/colangite, cardiomiopatia hipertrófica, pneumonia, sinusite, distocia, fecaloma, otite e diabetes mellitus. Considerando as quatro principais condições clínicas associadas à azotemia, a primeira foi a doença do trato urinário inferior dos felinos, com 268 animais (22,55%) e, destes, 60,4% (162) apresentavam concentração de creatinina acima de 5 mg/dl. A segunda foi a doença renal crônica (DRC), com 127 casos (10,69%), sendo os graus de azotemia variáveis de leve a intenso. Neoplasias representaram o terceiro diagnóstico associado a azotemia, com 53 casos (4,46%). Trauma foi a quarta causa mais encontrada, com 4,3% (51) e, destes, 42 (82,35%) apresentaram azotemia leve (creatinina de 1,6 a 2,8 mg/dl). Foi observada associação significativa (p<0,0001) entre os diagnósticos e o grau de azotemia. Com relação à idade e diagnóstico, houve uma associação significativa (p<0,0001) com a DTUIF ocorrendo com mais frequência na faixa de animais até 5 anos, DRC em animais acima de 10 anos, trauma, acima de 10 anos e neoplasia, de 0 a 5 anos. Na associação sexo x diagnóstico, foi observada associação significativa (p<0,0001) entre machos e DTUIF e DRC e trauma em fêmeas. Considerando o grau de azotemia, os resultados corroboram os descritos na literatura, que referem a azotemia pós-renal mais intensa, bem como as causas pré-renais para a azotemia leve. Também em relação à idade e sexo, a DTUIF foi diagnosticada na faixa etária e sexo descritos como os mais predispostos também em nosso trabalho. O fato de animais de 0 a 5 anos serem os com diagnóstico de neoplasias associadas à azotemia pode ser devido ao fato de serem, em sua maioria neoplasias hematopoiéticas. É interessante observar a associação de fêmeas com trauma, uma vez que a literatura cita serem machos inteiros mais propensos. Da mesma forma, a causa para o número de fêmeas com DRC (82) ser praticamente o dobro do número de machos (42) deve ser investigada.
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