Dejetos de animais como fertilizante em longo prazo: impacto nas emissões de óxido nitroso e na produtividade das culturas
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2018-02-28Metadatos
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A aplicação de dejetos de animais no solo visa disponibilizar nutrientes para as plantas, especialmente nitrogênio
(N). Porém em áreas com histórico de aplicações (mais de 10 anos) podem favorecer o acúmulo de N no pool
orgânico residual, principalmente no mais lábil. Consequentemente, isso pode alterar a dinâmica do N e então
influenciar a disponibilidade de N no solo. No entanto, parte N adicionado pelos dejetos pode ser perdido por meio
de N2O. Na região Sul do Brasil o manejo de dejetos é uma das principais vias de emissão de N2O. Por ser um gás
de efeito estufa com alto potencial de aquecimento global, suas emissões tem sido cada vez mais estudas após o
uso de dejetos de animais. O histórico de aplicações pode formar um grande efeito residual do N no solo, que pode
variar conforme o tipo de dejeto. Pouco N adicionado pelos dejetos é absorvido pelas culturas, sendo a maior parte
oriunda do N acumulado no solo. Dessa forma, essas áreas podem apresentar um potencial ainda maior em emitir
N2O, inclusive após o fim das aplicações, pois a taxa de mineralização pode aumentar e disponibilizar mais NO3
-.
Ainda, o efeito residual do N pode resultar em altas produtividades, podendo atingir momentos em que as taxas de
N aplicadas podem ser reduzidas e assim diminui as perdas de N. Em razão disso, essa tese teve por objetivo
avaliar o efeito residual de 16 aplicações de diferentes dejetos de animais e o efeito da continuação das aplicações,
que totalizou 18 aplicações, sobre as emissões de N2O, produtividade e eficiência do uso do N pelas culturas da
aveia preta e milho. Para alcançar o objetivo, dois estudos foram conduzidos no campo em um Argissolo Vermelho
Distrófico arênico. O experimento é conduzido desde 2004 no departamento de solos da Universidade Federal de
Santa Maria/RS. Os resultados desse trabalho correspondem ao período de 2015-2016, com as culturas da aveia
preta e milho. Os dois estudos foram conduzidos simultaneamente. Os tratamentos avaliados foram dejetos
líquidos de suínos (DLS), dejetos líquidos de bovinos (DLB), cama sobreposta de suínos (CSS), fertilizante
mineral (NPK) e um tratamento testemunha, os quais estão dispostos em um delineamento de blocos ao acaso com
parcela com quatro repetições de 5 x 5 m. Antes da aplicação dos tratamentos na aveia preta foi delimitado uma
parcela de 2 x 2 m onde foram avaliados os efeitos residuais no cultivo da aveia preta e milho. No restante da
parcela os dejetos foram aplicados normalmente. No estudo I as avaliações iniciaram um dia após a aplicação,
onde foi avaliado o efeito da continuação das aplicações em todos os tratamentos e somente o efeito residual dos
tratamentos DLS e CSS. No estudo II também foi determinado a matéria seca, teor de N na MS, produtividade de
grãos e N no grão e também os índices de eficiência do uso do N com a continuação das aplicações e com o efeito
residual de todos os tratamentos. Nos dois estudos foi possível observar que o histórico de aplicações alterou a
dinâmica do N no solo. No estudo I foi observado maiores emissões com os dejetos mais sólidos, com destaque
para o DLB com uma emissão acumulada anual de 13,1 kg ha-1, resultando em um fator de emissão (FE) de 4 %,
ou seja, 4 vezes mais que o estimado pelo IPCC. Os teores de NO3
- no solo eram altos desde o início das avaliações
e permaneceu por todo o período, o que justifica as altas emissões. Somado a isso, a precipitação influenciou esteve
relacionada com praticamente todos os picos de emissão. As 16 aplicações mostraram que mesmo após um ano
sem novas aplicações, o solo ainda teve capacidade em emitir N2O, especialmente no tratamento CSS que teve
uma emissão acumulada anual de 5,8 kg ha-1. Nesses tratamentos os teores de NO3
- também eram altos, o que
mostra que aplicações por vários anos pode alterar significativamente a dinâmica do N no solo, onde as taxas de
mineralização são elevadas. No estudo II a produtividade de MS e acumulo de N e produtividade de grãos foi
maior com a aplicação de DLB na aveia preta e DLB e DLS no milho. Em cada cultivo, os demais tratamentos
não diferiram do NPK em quase todas as avaliações. Ainda, o efeito residual mostrou que mesmo não havendo
mais aplicações durante o ano, o solo foi capaz de disponibilizar N e outros nutrientes para as plantas, porém as
produtividades não foram maiores em relação à quando as aplicações continuaram. As 18 aplicações em um solo
arenoso mostraram que ambas as culturas conseguiram usar o N com alta eficiência e baixa perdas. Mesmo
havendo emissões com as 18 aplicações de dejetos, elas não foram superiores a emissões com menos aplicações.
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