Cultura de segurança do paciente, estresse ocupacional e burnout em profissionais de unidades de perioperatório
Resumo
O estresse ocupacional e a síndrome de burnout estão diretamente relacionados com o adoecimento do trabalhador, o que pode acarretar em consequências na assistência prestada e repercutir na cultura de segurança do paciente. O objeto deste estudo é a associação entre estresse ocupacional e burnout e suas repercussões na cultura de segurança. A partir da questão de pesquisa: existe relação entre o estresse ocupacional e burnout dos profissionais de saúde sobre a percepção da cultura de segurança do paciente em unidades de perioperatório? -, esta pesquisa tem por objetivo avaliar a relação do estresse ocupacional e do burnout dos profissionais de saúde com a cultura de segurança em unidades de perioperatório. Desenvolveu-se um estudo transversal, com 146 profissionais de saúde lotados nas unidades: Unidade de Cirurgia Geral – Serviço de Internação; Bloco Cirúrgico; Sala de Recuperação Anestésica e Intermediária. Para a coleta de dados utilizou-se um instrumento para a avaliação das características biossociais, do trabalho e perfil de saúde dos profissionais estudados, o Questionário de Atitudes de Segurança (SAQ) para avaliar a cultura de segurança do paciente, a Job Stress Scale (JSS) para o estresse ocupacional e o Inventário Maslach de Burnout (IMB) para a síndrome de burnout. A coleta de dados ocorreu no período de março a julho de 2018. Para a análise dos dados empregou-se estatística descritiva e inferencial, considerando o nível de significância de 5% para todos os testes. Os preceitos éticos que envolvem pesquisas com seres humanos foram seguidos. Como resultados, houve predomínio de técnicos de enfermagem (50,7 %), seguido de enfermeiros (20,5 %) e médicos (14,4 %), com uma mediana de idade de 41,1 anos. A maioria dos profissionais eram do sexo feminino (n=104; 71,2%), com companheiro (n=112; 76,7%) e com filhos (n=100; 68,5%). A maior formação prevalente foi o ensino médio (n=50; 34,2%). No que se refere a cultura de segurança, os profissionais de saúde das unidades de perioperatório tiveram uma percepção negativa acerca da cultura de segurança do paciente nesses ambientes (média = 63,8). Traçando o panorama do estresse ocupacional, a maioria dos participantes encontrava-se com altas demandas psicológicas (n=93; 63,7%) e baixo controle sobre o trabalho (n=83; 56,8%). Evidenciou-se uma maior prevalência de profissionais de saúde no quadrante de alta exigência (n=59; 40,4%). Quanto ao burnout, 15 (10,3 %) profissionais de saúde apresentaram a síndrome. Evidenciou-se que os profissionais de saúde que estão em burnout tem altas demandas psicológicas (p=0,049). Em síntese, observou-se correlação baixa e negativa entre despersonalização, demanda psicológica e percepção da cultura de segurança do paciente. Ou seja, quanto melhor o resultado de uma, pior o da outra. Ainda, a variável realização profissional apresentou correlação baixa e positiva com a cultura de segurança. Ou seja, quanto maior a realização profissional, maior a percepção para cultura positiva. Ademais, os dados obtidos revelaram circunstâncias importantes dos agravos ocupacionais a que os profissionais de saúde estão expostos, o que desfavorece a saúde do trabalhador e, consequentemente, fragiliza a assistência prestada e compromete a cultura de segurança do paciente.
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