Somaterapia e contracultura: criação e desenvolvimento de uma técnica terapêutica no Brasil dos anos 1970
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2018-01-29Metadatos
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Este trabalho, desenvolvido junto à linha de pesquisa Cultura, Migrações e Trabalho do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Maria (PPGH-UFSM), contando com auxílio de bolsa de pesquisa CAPES/DS, visa compreender como uma técnica terapêutica de pretensão anarquista e científica, a Somaterapia de Roberto Freire, surgiu e se desenvolveu a partir do cenário da contracultura brasileira e internacional dos anos 1960 a 1980. A Somaterapia, ou apenas “Soma”, foi idealizada e desenvolvida por Roberto Freire a partir de experiências dentro do Centro de Estudos Macunaíma, onde pesquisavam técnicas de desbloqueio da criatividade para atores. Segundo seu idealizador, a terapia nasceu a partir de seu contato pessoal com a técnica teatral de um grupo estadunidense de teatro, o Living Theater, em seu espetáculo Paradise Now, cuja técnica se baseava nas teorias de Wilhelm Reich. A Somaterapia, segundo Freire e seus seguidores, busca libertar o indivíduo da neurose e das couraças musculares causadas pela sociedade repressora através de dinâmicas corporais, jogos teatrais e Capoeira Angola. Escolheu-se analisar este objeto em relação ao fenômeno da contracultura pelas conexões e aproximações verificadas, compreendendo-se o objeto como emergente deste fenômeno. A obra bibliográfica de Freire constituiu-se na principal fonte da pesquisa, porém, também foram analisadas: produções acadêmicas e sítios eletrônicos de somaterapeutas e simpatizantes; edições do Jornal Tesão e Boletim Brancaleone, vinculados à Somaterapia; e matérias, anúncios e referências no acervo digital do jornal Folha de São Paulo e de alguns outros veículos da imprensa. Na análise das fontes, a partir das escolhas metodológicas realizadas e sob o viés do referencial teórico utilizado, foi averiguada a recorrência de discursos memorialistas acerca da trajetória de vida de Freire e da história da Somaterapia, constituídos por um esforço de ordenação do passado em que se apresenta uma narrativa coerente e racional. Porém, no cruzamento de fontes e informações, verificou-se diversas incongruências e dissensos, os quais foram interpretados como reflexos de histórias que provavelmente se deram de forma muito mais complexa, fluída e até contraditória, como compreende-se ser próprio dos processos humanos.
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