A representação midiática oficial do trabalhador brasileiro
Resumo
Baseados no entendimento de que a esfera midiática ascendeu à posição de principal referência cultural para conformatação das identidades na contemporaneidade, propomos analisar a representação midiática oficial do trabalhador brasileiro observada em produtos audiovisuais de caráter ficcional de autoria dos órgãos governamentais ligados à atividade laboral, tendo como referência para tal as considerações da literatura quanto (1) ao panorama das identidades na pós-modernidade e (2) à saúde mental do trabalhador do ponto de vista da psicodinâmica do trabalho, com vistas a verificar a presença de representações potencialmente prejudiciais aos sujeitos ali representados, caso por eles tomadas enquanto matrizes identitárias. Para tal, concebemos nosso objeto de pesquisa em dois âmbitos, um teórico e outro empírico, razão pela qual dividimos este trabalho em duas partes. No exame do objeto teórico, conforme os vieses indicados, analisamos nosso objeto visando sistematizar características de uma representação do trabalhador brasileiro potencialmente prejudicial a este sujeito, construindo assim duas categorias centrais, uma resultante de cada viés de abordagem, para posterior interpretação da análise do objeto empírico. As categorias que construímos são, respectivamente: (1) a (in)existência da sustentação simbólica para os conteúdos culturais com que foram representadas as identidades dos trabalhadores e (2) a (in)viabilidade de ocorrência de ressonância simbólica nos termos da representação da atividade do trabalhador e de seu ambiente de trabalho. Já no exame do objeto empírico, tendo como parâmetro essas categorias, através da matriz de análise que desenvolvemos, analisamos semioticamente a representação do trabalhador brasileiro nos audiovisuais que selecionamos, com o que verificamos a presença do potencial caráter prejudicial dessa representação midiaticamente ofertada por tais órgãos. A metodologia geral desta pesquisa tem como método de abordagem o método dedutivo, como métodos de procedimento os métodos histórico e monográfico e como técnicas de pesquisa a pesquisa bibliográfica e a análise empírica. A metodologia da análise empírica não se baseia em uma corrente específica da teoria semiótica, mas em uma reunião de contribuições de diferentes correntes que nos são interessantes tendo em vista as características do objeto empírico desta pesquisa e os objetivos a ele relacionados. Dessa forma, empreendemos três tipos de leituras semióticas, denotativa, conotativa e polissêmica, buscando reconstruir os desenvolvimentos argumentativos (percursos temáticos e coberturas figurativas) das unidades semióticas dos audiovisuais. Nossos resultados nos permitem afirmar a veiculação midiática de produtos audiovisuais por parte dos órgãos governamentais ligados à atividade laboral potencialmente prejudiciais aos trabalhadores ali representados, caso essa representação oficial do trabalhador brasileiro seja por eles adotada enquanto matriz identitária.
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