Hidrolisados pécticos na dieta de tilápia do Nilo e jundiá: implicações nutricionais e potencial prebiótico
Abstract
A obtenção de novos prebióticos a partir de resíduos agroindustriais visa potencializar o aproveitamento destes subprodutos, além de trazer benefícios à nutrição animal. Assim, objetivou-se produzir e caracterizar hidrolisados pécticos a partir de bagaço de maçã e casca de maracujá, e investigar seu potencial prebiótico para alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) e jundiá (Rhamdia quelen). Na primeira fase realizou-se a extração da pectina dos resíduos, seguida do processo de hidrólise química. Os resíduos e seus respectivos hidrolisados foram caracterizados quanto aos teores de matéria seca, fibra alimentar total, fibra solúvel, fibra insolúvel, cinzas, proteína bruta e gordura. Os hidrolisados também foram analisados quanto ao perfil de monossacarídeos e propriedades físico-químicas. Na segunda fase foram realizados dois ensaios biológicos (tilápia do Nilo – 42 dias e jundiá – 49 dias) para a avaliação de cinco dietas teste, sendo uma dieta controle e as demais com adição de hidrolisados pécticos (2,5 ou 5 g/kg) de bagaço de maçã ou casca de maracujá. Ao final dos períodos experimentais foram coletados dados e material biológico para avaliação do desempenho, parâmetros plasmáticos, hepáticos, enzimáticos, histológicos, composição corporal e avaliação do conteúdo intestinal dos peixes. Os resultados foram submetidos à teste de normalidade, seguido por análise de variância, sendo as médias dos tratamentos comparadas por análise de contrastes ortogonais ao nível de 5% de significância. O bagaço de maçã e a casca de maracujá apresentaram-se promissores para extração de pectina, resultando em hidrolisados com elevada concentração de fibra solúvel. Na análise dos monossacarídeos, o hidrolisado de bagaço de maçã apresentou quantidades semelhantes de glicose-xilose-ácido galacturônico (14,7; 13,5 e 16,11%). O hidrolisado de bagaço de maçã demonstrou elevada capacidade de ligar-se à água, característica que apresenta-se reduzida no hidrolisado de casca de maracujá. A produção de ácidos graxos de cadeia curta à nível intestinal foi influenciada pelos hidrolisados pécticos, sendo que os alevinos de tilápia do Nilo apresentaram maior produção de ácido acético, com influência na concentração de glicose hepática. Os alevinos de jundiá apresentaram maior produção de ácido butírico, relacionada com a contagem de células caliciformes à nível intestinal. Para a tilápia do Nilo, a suplementação com hidrolisado de casca de maracujá (2,5 ou 5 g/kg) proporcionou menor teor de gordura corporal, garantindo um alimento mais saudável e com maior estabilidade de prateleira. Os hidrolisados pécticos causaram alterações nos parâmetros histológicos intestinais, onde os alevinos de tilápia do Nilo obtiveram maiores benefícios com a suplementação do hidrolisado de casca de maracujá (2,5 e 5 g/kg), que garantiu maior renovação celular, maior capacidade de absorção de nutrientes e manutenção da integridade intestinal, e os alevinos de jundiá apresentaram maior contagem de células caliciformes, com a suplementação de 2,5 g/kg de hidrolisado de bagaço de maçã. Os hidrolisados pécticos de bagaço de maçã e casca de maracujá, adicionados na dieta de alevinos de tilápia do Nilo e jundiá possibilitaram a obtenção de resultados satisfatórios, no entanto, mais estudos devem ser realizados com intuito de definir níveis que possibilitem maiores ganhos na nutrição de peixes.
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