Os territórios da agricultura familiar e patronal na área de proteção ambiental (APA) do Ibirapuitã/RS: divergências e convergências na lógica de reprodução social
Abstract
Este trabalho apresenta um estudo acerca dos territórios e territorialidades dos agricultores patronais e familiares que vivem na Área de Proteção Ambiental (APA) do Ibirapuitã, Unidade de Conservação de Uso Sustentável do Bioma Pampa, Rio Grande do Sul. Visa compreender quais as estratégias de reprodução social são empregadas assim como as adaptações às normas da Unidade de Conservação. O estudo é embasado pela pesquisa qualitativa e dentre os instrumentos e técnicas foram utilizados a pesquisa bibliográfica e documental, o trabalho de campo, entrevistas semiestruturadas, observação sistemática, uso de fotografias e por fim a análise e discussão das informações. Os resultados demonstram que no território da Unidade de Conservação denominada APA do Ibirapuitã, ainda predomina a pecuária extensiva sobre o campo natural, configurando a manutenção das características culturais e ambientais locais do Bioma Pampa, e a manutenção da coexistência histórica da agricultura patronal e familiar. Algumas práticas tradicionais como o descapoeiramento se apresentam como conflituosas às normativas legais da UC. Dentre as principais estratégias de reprodução social encontram-se, tanto entre os patronais quanto entre os familiares: a auto-organização como as Associações dos Produtores do Rincão do 28 e do Rincão do Batista, a Comunidade Quilombola Rincão da Chirca, bem como formas de cooperação não institucionalizadas como a venda conjunta de animais por vizinhos que mantêm características produtivas semelhantes; o arrendamento ou parceria; a introdução do discurso e de práticas sustentáveis que vem contribuindo para a conservação da APA; e a inserção da mulher na tomada de decisão e nas atividades diárias das lidas campeiras, estratégia essa utilizada nos territórios familiares. O CONAPA, Conselho Gestor da APA, se configura como instrumento dialógico entre os sujeitos e instituições que compõem o território da Unidade de Conservação, é necessário que ocorra o aumento da representatividade dos moradores do interior da APA, pois só assim é possível garantir que haja correspondência das demandas da comunidade envolvida com o espaço protegido, assim como, é essencial que os encontros ocorram com regularidade. Para que esses problemas possam ser superados, é fundamental que as demandas estruturais da APA sejam sanadas, como a destinação de mais verbas e de analistas ambientais para APA.
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