Avaliação da iluminação natural de habitação multifamiliar de interesse social: Conjunto Residencial Videiras, Santa Maria, RS
Resumo
O Brasil tem vivenciado, nos últimos anos, um aumento considerável no número de
construções destinadas à população de baixa renda, graças aos programas de concessão de
crédito para construção de moradias, numa tentativa de reduzir o acentuado déficit
habitacional do país. A iluminação natural é um importante requisito para a melhoria dessas
construções, uma vez que contribui para sua eficiência energética e interfere no conforto
visual e térmico dos usuários. O objetivo da pesquisa foi avaliar a disponibilidade de
iluminação natural no Conjunto Residencial Videiras (CRV), empreendimento multifamiliar
de habitação de interesse social (HIS), situado em Santa Maria, RS, construído através do
Programa Minha Casa, Minha Vida. O método empregado no estudo envolve técnicas de
Avaliação Pós-Ocupação, como avaliação dos níveis de satisfação através da aplicação de
questionários aos moradores do CRV, verificação da adequação às normas e regulamentos
vigentes relativos à iluminação natural e avaliação das variáveis dinâmicas da luz por meio do
programa de simulação computacional APOLUX. A grande maioria dos usuários do CRV se
diz satisfeita com a iluminação natural de suas unidades habitacionais (UH), bem como, de
cada ambiente analisado. A satisfação tende a aumentar entre os moradores do quarto
pavimento e onde foram adotadas cores claras no mobiliário, revelando as influências do
entorno nos demais pavimentos e dos índices de reflexão das superfícies internas. As UH do
CRV não atendem ao RTQ-R e ao Código de Obras de Santa Maria no que diz respeito aos
vãos mínimos de iluminação. O Código de Obras não deixa claro que se deve considerar
apenas o vão desobstruído das aberturas e a NBR 15575 sequer menciona vãos mínimos para
a iluminação natural. Os resultados das simulações mostraram que os ambientes atenderam
aos parâmetros presentes no método de simulação do RTQ-R e às iluminâncias mínimas
presentes na NBR 15575. Porém, ao considerar parâmetros de 120 lux, a maior parte dos
ambientes não teve resultado satisfatório, e se mostraram, em média, com desempenho
intermediário de iluminação. Ainda, foi constatado o desenvolvimento de tarefas que exigem
níveis maiores de iluminância do que àquelas normalmente realizadas em ambientes
residenciais. As normas deveriam atender às necessidades específicas de cada edificação, e
pecam ao não considerar a possibilidade de ocorrerem atividades incomuns em determinados
ambientes residenciais. De forma geral, o estudo contribuiu com informações acerca do
processo de avaliação do desempenho da luz natural de HIS, possibilitando identificar erros e
acertos que foram determinantes na qualidade e conforto luminoso no interior das UH. Os
resultados obtidos serviram como suporte para proposição de diretrizes de projeto e sugestões
para a legislação empregada, de modo a qualificar o processo de produção e uso das HIS e
proporcionar melhor qualidade de vida aos usuários.
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