O Rio Grande do Sul e as bombas de chimarrão como expressão de identidades culturais
Resumo
A presente pesquisa trata das bombas de chimarrão, artefato de grande relevância cultural na Região Sul do Brasil e nos países vizinhos. Investigar este objeto com método acadêmico tem o potencial de suprir uma lacuna sobre sua história, seus significados e sua relevância para a cultura brasileira. Temos por objetivo a elaboração de uma exposição itinerante que visa contribuir para o reconhecimento deste objeto como patrimônio cultural. Como referenciais teóricos utilizamos os Estudos Culturais e seus conceitos sobre hibridação e identidade cultural, a partir de autores como Canclini (2008) e Hall (2005), entre outros. Uma pesquisa bibliográfica sobre as origens e o desenvolvimento do artefato se fez necessária. Isso permitiu oferecer uma revisão sobre a alegada origem indígena do artefato e situá-lo mais adequadamente no contexto da hibridação cultural decorrente da conquista espanhola da América Meridional. Como metodologia para compreensão das bombas de chimarrão como artefato cultural, foi utilizado o Circuito da Cultura de Du Gay et al. (1997), incluindo as etapas produção, representação, regulação, consumo e identidade. Como resultados relativos à produção, observamos que as empresas produtoras de bombas de chimarrão no Rio Grande do Sul buscam atender tanto consumidores que apreciam a estética tradicional, quanto aqueles que buscam inovações e expressão pessoal. Quanto à representação, constatamos que a narrativa predominante na música regional, expressão de grande influência na cultura do Sul do país, mantém-se ligada ao ideário do Tradicionalismo Gaúcho. Sobre regulação, foi possível constatar, através de pesquisa qualitativa, que as convenções sociais relativas ao uso de bombas de chimarrão são conhecidas, porém tratadas com certa flexibilidade. Quanto ao consumo, observamos que parte dos entrevistados apreciam características tradicionais e outros dão maior relevância a fatores funcionais na escolha de uma bomba de chimarrão adequada. Quanto à identidade, concluímos que o artefato pode tanto ser usado para expressar vinculação com a cultura regional em sua vertente tradicional, quanto reforçar vínculos familiares, mas também possibilita a expressão de traços individuais.
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