As tipologias dos estudantes brasileiros em relação ao interesse em ciências e tecnologia: uma análise baseada nos projetos Rose e Barômetro Brasil
Resumo
O ensino de ciências e o currículo escolar têm sido fundamentados naquilo que se acredita, consenso ou não, que os estudantes devam aprender, negligenciando muitas vezes aquilo que os alunos desejam aprender. Não é o caso de focar apenas naquilo que os jovens queiram aprender, mas utilizar os interesses dos estudantes para ensinar aquilo que é preciso ser ensinado. Conhecer o interesse dos jovens frente às ciências é importante tanto do ponto de vista curricular quanto para a sala de aula, uma vez que apresenta potencial para fomentar a motivação, um fator importante para facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Por esta importância, diversas pesquisas têm sido desenvolvidas para conhecer a voz dos estudantes. No contexto brasileiro, alguns estudos se destacam neste âmbito, como os que utilizaram os questionários ROSE (The Relevance of Science Education) e Barômetro, ambos desenvolvidos pelo Núcleo de Pesquisa em Educação, Divulgação e Epistemologia da Evolução “Charles Darwin” (EDEVO-Darwin) da Universidade de São Paulo. A partir da parceria do EDEVO- Darwin e do Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde da Universidade Federal de Santa Maria surge o presente estudo, em que foram utilizados os dados obtidos pelas aplicações do ROSE e do Barômetro no Brasil. A pesquisa objetivou utilizar as respostas das seções O que eu quero aprender de ambos instrumentos para elaborar tipologias de estudantes brasileiros frente aos seus interesses pela ciência e tecnologia bem como discuti-las a partir de uma perspectiva socioeconômica e cultural. Para atingir este objetivo foi utilizado a análise de clusters para agrupar, primeiramente, as questões das seções mencionadas acima em relação às respostas dos estudantes e em seguida agrupar os estudantes de acordo com seus interesses. Estes dois agrupamentos geraram as tipologias, que posteriormente foram caracterizadas pelos interesses e pelas características socioeconômicas e culturais. Deste percurso metodológico resultaram quatro tipologias: Relutantes, os jovens com baixo interesse por ciências; Entusiastas, estudantes com alto interesse pelos temas de ciências; Indecisos Não Seletivos, que apresentaram um interesse mediano por todos os temas pesquisados, e p Indecisos Seletivos, que possuem interesse médio similar ao dos Indecisos Não Seletivos, mas com alto interesse por temas como ciência e cientistas e baixíssimo interesse por temas como agricultura. Além disso, cada tipologia apresentou diferentes características frente às duas variáveis socioeconômicas e culturais disponíveis no questionário, o que indica uma influência destes fatores na distinção entre cada tipologia. Os resultados apresentaram grande potencial para a educação em ciências, tanto do ponto de vista curricular como da prática de sala de aula, podendo auxiliar na motivação dos estudantes e consequentemente em facilitar o aprendizado dos jovens.
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