Intervenção fonoaudiológica com familiares de crianças surdas
Resumo
O trabalho do fonoaudiólogo com familiares de crianças surdas se faz importante para proporcionar a troca de experiências e fortalecer as relações entre eles. Esse tipo de intervenção com a família também visa envolvê-la no processo terapêutico. Esta pesquisa contemplou uma abordagem mais humanizada do trabalho clínico que o fonoaudiólogo pode realizar, pois abordou uma visão integrada ao privilegiar e promover meios para a participação ativa da família em todo o processo terapêutico. Os objetivos deste estudo foram: investigar a percepção e o conhecimento de familiares de crianças surdas sobre o desenvolvimento linguístico de seus filhos; descrever as habilidades pragmáticas da criança surda em situação de comunicação cotidiana, a partir da percepção dos familiares, e verificar os efeitos de um programa de intervenção centrada na família na interação linguística entre familiares e crianças surdas, bem como na mudança de postura na cena comunicativa com a criança. Trata-se de uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa e quantitativa. Foi dividida em três etapas: (i) entrevista com os participantes, aplicação do protocolo “Primeira Parte: Avaliação do Perfil Pragmático”, gravação em vídeo da interação familiar ouvinte-criança surda; (ii) desenvolvimento de intervenção fonoaudiológica, com abordagem centrada na família, em 10 encontros por díade, com duração de 60 minutos cada sessão; e (iii) reaplicação dos procedimentos realizados na primeira etapa, visando analisar comparativamente os efeitos da intervenção fonoaudiológica realizada. Para os dados das entrevistas, foi utilizada Análise de Conteúdo em temas. A análise da avaliação pragmática seguiu o proposto no protocolo utilizado. Para a análise dos vídeos, foi utilizado o software Eudico Linguistic Annotator (ELAN). Os dados quantitativos foram tabulados em planilha no programa Microsoft Excel 2010 e submetidos à análise estatística, por meio do programa STATISTICA 9.1. Participaram do estudo cinco familiares e cinco crianças. A média de idade dos familiares foi de 42 anos, e das crianças, quatro anos. As crianças apresentavam perda auditiva neurossensorial em ambas as orelhas, em diferentes graus. Três delas apresentavam comprometimento neurológico associado à perda auditiva. A intervenção se mostrou eficaz, pois, ao comparar os dados, percebeu-se modificação na percepção dos familiares sobre o desenvolvimento de linguagem e das habilidades pragmáticas das crianças. Também houve melhor qualidade na interação entre os pares crianças-adultos após os familiares participarem da proposta de intervenção.
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