Toxicidade de Eugenia uniflora L. (myrtaceae) em modelos de Drosophila melanogaster e células sanguíneas humanas
Resumo
A crescente utilização de produtos naturais torna imperativa a investigação do potencial
toxicológico dos metabólitos secundários de plantas. Neste contexto insere-se o estudo
toxicológico de Eugenia uniflora, espécie pertencente à família Myrtaceae, a maior família
das Angiospermas. Este trabalho investigou a toxicidade do óleo essencial desta planta em
modelo in vivo de Drosophila melanogaster e do extrato etanólico em células sanguíneas
humanas. O perfil fitoquímico do óleo essencial foi analisado por GC-MS e GC-FID e
apresentou como constituintes majoritários: curzereno (48,06%), γ-elemeno (13,49%),
atractilone (11,78%) e trans-β-elemenone (8,94%). Os fitoconstituintes majoritários do extrato
etanólico, identificados por HPLC, foram: ácido elágico (1,19%), cianidina (0,56%),
quercetina (1,58%), quercitrina (1,34%), isoquercitrina (1,01%) e luteolina (1,01%). O
extrato, nas concentrações (1-480 μg∕mL) não apresentou citotoxicidade pelos modelos de
viabilidade celular em leucócitos humanos e de fragilidade osmótica em eritrócitos, nem
genotoxicidade avaliada pelo Ensaio Cometa. Tendo apresentado uma atividade concentração
dependente em modelo de DPPH, quando comparado ao ácido ascórbico. A sua atividade
antioxidante em condições basais, nas concentrações de (30-480 μg/mL) inibiu a formação de
TBARS. Com inibição máxima (30 μg/mL) no cérebro e (120 μg/mL) no fígado. O extrato
também atenuou a formação de TBARS induzida por Fe2+ (10 μM) nas concentrações de (120
μg/mL) para o cérebro e (240 μg/mL) para o fígado. O óleo essencial induziu mortalidade em
D. melanogaster com CL50
(5,56 μg∕mL) em 12 h e déficit na capacidade locomotora. Foi
escolhida uma concentração subletal de (3 μg∕mL) em intervalos de tempo de 3, 6 e 12 horas
para realização dos testes. Em paralelo, as moscas também apresentaram sinais de estresse
oxidativo, incluindo formação de ERO’s em 3 h de exposição o que se manteve em 6 e 12 h.
Apresentando aumento nos níveis de TBARS em 6 e 12 h de exposição. Um aumento na
atividade da enzima GST às 6 e 12 h e da SOD às 12 h foram significantes. Apresentou,
também, um aumento significativo na expressão de NQO-1 a 3 h de exposição. O nível da
proteína HSP70 apresentou um aumento significativo as 12 h. Os níveis do fator de
transcrição Nrf2 permaneceram inalterados. A co-exposição do óleo essencial com o Paraquat
(20 mM) e Ferro (10 mM), aumentou a toxicidade em (104,4% e 98,82%) respectivamente.
De forma similar, Paraquat e Ferro aumentou, respectivamente, o déficit locomotor em
(35,94% e 103,1%) em relação ao controle. Em resumo, o extrato etanólico não apresentou
toxicidade nas concentrações e modelos testados e o óleo essencial apresentou toxicidade em
D. melanogaster, tendo o estresse oxidativo como importante mecanismo de ação. A partir
dos estudos realizados, sugere-se uma potencial aplicação do óleo essencial como inseticida
de origem natural. Novos estudos necessitam ser realizados para melhor compreender os
mecanismos toxicológicos envolvidos.
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