Efeito do ácido clorogênico, cafeína e café nas alterações oxidativas e no sistema purinérgico de ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina
Abstract
Estudos demonstram que a hiperglicemia no diabetes leva a complicações em diferentes tecidos, causadas principalmente pelo aumento da produção de espécies reativas de oxigênio (ERO). O ácido clorogênico é um composto fenólico encontrado no café que apresenta atividade antioxidante, neuroprotetora e hipoglicemiante. Além disso, a cafeína também é encontrada em altas concentrações no café e se destaca por sua ação antioxidante, neuroprotetora e psicoestimulante. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do ácido clorogênico (ACG), cafeína (CA) e café (CF) sobre os efeitos da hiperglicemia no sistema purinérgico no córtex cerebral e plaquetas, bem como avaliar a contribuição do sistema de defesa antioxidante frente à hiperglicemia no fígado e rim de diabetes induzido pela administração de estreptozotocina (STZ, 60 mg/kg) em ratos. Os animais foram divididos em oito grupos: Controle; Controle/ACG 5 mg/kg; Controle/CA 15 mg/kg; Controle/CF 0,5 g/kg; Diabéticos; Diabético/ACG 5 mg/kg; Diabético/CA 15 mg/kg; e Diabético/CF 0,5 g/kg. Após trinta dias de tratamento com os compostos, os animais foram submetidos a eutanásia e o córtex cerebral, sangue total, fígado e rim foram retirados. Os resultados demonstraram que houve um aumento de 64,5% e 42% na concentração de ATP e ADP, respectivamente, em ratos diabéticos quando comparados com os ratos controles. Foi encontrado um aumento de 173% na atividade da ecto-5’-nucleotidase (eN) em sinaptossomas de córtex cerebral de ratos diabéticos. O tratamento com CF nos animais diabéticos promoveu um aumento de 51% na hidrólise de ADP pela NTPDase. Em plaquetas, houve um aumento na atividade da eN e NTPDase em ratos diabéticos quando comparados com os animais controles, bem como um aumento na agregação plaquetária. Todos os tratamentos diminuíram o aumento na hidrólise desses nucleotídeos nos grupos diabéticos tratados em relação ao grupo diabéticos, mas somente o tratamento com CF e ACG levou a uma diminuição em torno de 50% e 60%, respectivamente, na agregação plaquetária quando comparado com o grupo diabético. Observou-se um aumento no estresse oxidativo no fígado e rim dos ratos diabéticos de acordo com a redução na atividade das enzimas Superóxido Dismutase (fígado 42% e rim 10,71%), Catalase (fígado 51,46% e rim 65,45%) e nos níveis de vitamina C (fígado de 62,8% e rim 28,6%) e NPSH (fígado 17,5% e rim 32%) nesses animais. Foi observado também que os parâmetros de lesão hepática estavam aumentados no soro dos animais tratados com STZ. Dos tratamentos testados, somente o ACG apresentou ação antioxidante por restaurar os níveis de vitamina C (94,23%) e NPSH (14,6%), bem como restaurar a atividade da catalase (116%) no fígado de ratos diabéticos tratados com ACG. Por sua vez, o tratamento com CA atua restaurando os níveis de NPSH, bem como diminuindo o aumento da atividade da AST e ALT em soro de ratos diabéticos. O tratamento com CF também reduz o aumento da atividade das enzimas AST, ALT e γ-GT em ratos diabéticos quando comparados com ratos diabéticos não tratados. Os resultados mostraram que esses compostos, principalmente o ACG, composto que apresentou melhores efeitos, podem modular a atividade de enzimas do sistema purinérgico e contribuir com a prevenção das complicações decorrentes da hiperglicemia, além de contribuir também para o combate do estresse oxidativo presente no diabetes mellitus.
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