Extração, identificação e potencialidades farmacêuticas de compostos obtidos da fibra prensada da palma (Elaeis guineensis Jacq.)
Resumo
O aumento na demanda do óleo de palma gera grande quantidade de co-produtos resultantes do
processo de extração. Esses co-produtos podem ser alvos de investigação da presença de compostos
bioativos, uma vez que não são empregados solventes químicos no processo de extração. Além disso,
somente se extrai os componentes oleosos do fruto e da semente, havendo grande quantidade de
compostos retidos na fibra e semente prensada da palma e, provavelmente, uma quantidade de óleo
residual. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de diferentes tipos de
extração na caracterização química e atividade biológica de compostos bioativos da fibra e semente
prensada de Elaeis guineensis Jacq. (palma), bem como otimizar o desenvolvimento de nanoemulsões
contendo óleo de palma. Avaliou-se a extração de compostos bioativos da semente prensada da palma
utilizando-se CO2 supercrítico e GLP pressurizado. Este solvente mostrou-se mais efetivo para
extração do óleo da semente de palma, uma vez que o tempo gasto no processo foi cerca de 3-4
minutos, enquanto que com CO2 supercrítico em torno de 75 minutos. Além disso, apresentou maior
rendimento de extração e as amostras foram extraídas menor temperatura. A composição química dos
extratos apresentou basicamente ácidos graxos (18), em sua maioria ácido láurico, mirístico, oleico, os
quais foram encontrados em todas as amostras. Em relação a extração de compostos bioativos da fibra
prensada de palma utilizando CO2 supercrítico e GLP pressurizado, verificou-se que a primeira
proporcionou maior rendimento de extração, a 60 °C e 25 MPa, bem como maiores atividades
antioxidantes e fator de proteção solar. A composição química para ambos solventes, foi ácido láurico,
oleico e palmítico, que juntos representam 80% da constituição química das amostras. Além desses,
identificou-se compostos como α-tocoferol, esqualeno, β-sitosterol e carotenoides totais. Na
otimização da extração de compostos antioxidantes e fotoprotetores da fibra prensada de palma com
etanol utilizando-se sonda de ultrassom, a condição que apresentou maior rendimento (3,24%) foi 120
W.cm-2 de intensidade e pulso de 0.4. Obteve-se compostos como ácidos graxos, β-sitosterol, α-
tocoferol, esqualeno e fenólicos totais. Além disso, o extrato apresentou atividade antioxidante frente
aos radicais sintéticos (DDPH e ABTS) e biológico hidroxil (•OH) e um fator de proteção solar de 15.
O óleo de palma foi incorporado em nanoemulsões que demonstraram ser estáveis em diferentes
condições de armazenamento ( 4°C, 25°C e 40°C). A melhor condição foi obtida pela combinação de
etapa de pré-formulação utilizando-se ultra turrax e após processador de ultrassom de alta intensidade
em uma amplitude de 200 W.cm-2 por 15 minutos. A concentração de óleo incorporada foi de 2,8 %
bem como de surfactantes (mistura de span 80 e tween 80). Nesse sentido, verificou-se a possibilidade
deste óleo ser incorporado em formulações cosméticas, potencializando o fator de proteção solar bem
como ser utilizado como antioxidante tanto em produtos cosméticos quanto produtos alimentícios. Em
um contexto geral este estudo mostrou uma forma sustentável de aproveitamento da grande
quantidade de resíduos gerados pela indústria de processamento de palma, que muitas vezes é
desperdiçada.
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