Fluidoterapia transoperatória em cadelas submetidas à ovariohisterectomia videoassistida
Resumo
Os procedimentos anestésicos e cirúrgicos alteram os mecanismos normais da homeostase de fluidos, tornando a fluidoterapia transoperatória imprescindível. Dessa forma, surge a preocupação do estabelecimento de fluidoterapia adequada para os animais submetidos a procedimentos que se encontram em ascensão na medicina veterinária, tais como as videocirurgias. Levando em consideração as peculiaridades dos procedimentos videocirúrgicos e a ausência de estudos em pequenos animais que avaliem a influência de diferentes protocolos de fluidoterapia para o transoperatório dessa modalidade operatória, o objetivo dessa tese foi realizar um levantamento bibliográfico para contextualização sobre o assunto, evidenciando as características desse tipo de abordagem que pode influenciar na terapia de fluidos transoperatória, além de verificar a influência da fluidoterapia restritiva, padrão e liberal, em cadelas submetidas a ovário-histerectomia (OVH) videoassistida. Para o estudo experimental, foram selecionadas 24 cadelas hígidas distribuídas em três grupos, os quais receberam Ringer lactato: G5 (5mL.kg-1.h-1), G10 (10 mL.kg-1.h-1) e G20 (20 mL.kg-1.h-1). Foram mensuradas FC, , ToC, PAS, PAD, PAM e PVC, assim como a observação do equilíbrio ácido-base, por meio da mensuração de pH arterial, PaO2, PaCO2, HCO3-, BE, Na+, K+, Cl- e saO2. Os parâmetros avaliados relacionados ao sistema urinário foram ureia, creatinina, relação proteína:creatinina, densidade urinária, débito urinário, glicose urinária. Também foi realizado interpretação de hemograma e dosagem de lactato sanguíneo. Os pacientes foram avaliados no pré-operatório (M0) e monitorados até 24 horas da cirurgia (M9). As pressões sanguíneas não diferiram entre grupos. O G20 apresentou hipotermia mais acentuada no M7, 35,92oC ± 0,61 (p = 0,04), mesmo sendo aquecidos com colchão térmico e ainda apresentaram acidose menos grave quando comparado ao G5. Os animais do G20, no momento da extubação, mantiveram os valores de débito urinário em 2,17 ± 0,52 mL.kg-1.h-1, diferindo do G5 (p < 0,01). Os valores de lactato diferiram no M8 (p = 0,03) entre G5 (2,18 ± 1,95 mmol/L) e G20 (0,78 ± 0,15 mmol/L). Não houve diferença entre os grupos nos valores de potássio, porém os animais do G20 apresentaram valores inferiores aos de referência para a espécie em M6, M7 e M8. De acordo com as condições experimentais, as velocidades de 10 ou 20 mL.kg-1.h-1 foram mais indicadas para OVH videoassistida em cadelas, desde que recebam adequado suporte térmico no transoperatório e monitoramento eletrocardiográfico, a fim de detectar arritmias oriundas de quadros de hipocalemia.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: