A identidade missioneira na área dos Sete Povos das Missões Jesuítico-Guarani
Resumo
De acordo com alguns estudos, sabe-se que a Região Missioneira do Rio Grande do Sul, a partir de determinado período, incentivou a população que ali estava estabelecida a cultuar o passado missioneiro e, de certo modo, se sentir pertencente ao lugar que outrora foi palco de uma grande história. A partir dos subsídios de pesquisas anteriores que caracterizaram a identidade missioneira, sobretudo sua construção, este estudo aborda o fenômeno através do viés geográfico, propiciado pela interpretação geográfica da corrente humanista e, sobretudo cultural, de valorização das relações entre pessoas e o lugar. Diante de uma abordagem fenomenológica, procurou-se ressaltar a percepção das pessoas sobre o local, se fez a análise identitária dando ênfase as relações de pertencimento dos indivíduos perante a região de vida e a todo seu contexto histórico como elemento diferenciador. O estudo ao valorizar as percepções a respeito do lugar identificou um missioneiro cheio de orgulho da história do lugar e de seus personagens históricos valorizados no cotidiano. Mesmo aqueles que são induzidos a se sentirem missioneiros. Percebeu-se na população a nostalgia e o sentimento missioneiro se evidenciando no contato com pessoas de outras regiões, bem como quando o nativo acaba se distanciando de suas origens para morar em outro lugar. Acredita-se que o contato direto com uma paisagem impregnada de símbolos que remetem ao passado missioneiro, induz os nativos a se sentirem parte de uma história que é ressaltada por aspectos positivos. Os municípios locais fazem uso da temática histórica no presente, ressaltando o passado, cada um a sua maneira, destacando peculiaridades que os diferenciam, inclusive no contexto regional. Em relação aos munícipes percebe-se um evidente enraizamento missioneiro, porém a motivação a tal sentimento, mesmo apresentando semelhanças, possui sempre algumas diferenças entre os municípios locais, motivadas acima de tudo pelo modo com que os mesmos fazem uso do contexto histórico. A identidade que se verifica nas Missões, se destaca pelo forte uso da diferença, onde elementos simbólicos que aludem a história local são ressaltados. Heranças do passado são significativamente valorizadas e são presentes nos discursos, porém a identidade e o pertencimento missioneiro ligam-se ao senso comum. As vivências e o tempo de fixação em um mesmo lugar denotam certo enraizamento das pessoas, que justificam o sentimento de pertencimento por toda uma experiência de vida nesta porção do espaço.
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